quarta-feira, abril 04, 2007

OS EFEITTOS EFICIENTES DA CRUZ

Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus. Gálatas 6:17.

Todos os seres humanos trazem do berço o sinal de Adão, isto é, a presunção de serem como Deus. Essa rebeldia adâmica é denominada de teomania, porque reflete o desejo de independência de Deus, tentando converter a criatura como se fosse o Criador. Nossa história é assinalada pela aspiração ao trono e todos os descendentes da conspiração da serpente vivem serpenteando nas escadas em busca dos lugares altos. A raça humana sofre da síndrome de altar. Há uma epidemia generalizada de grandeza fomentando a glória do pináculo. O alpinismo da notoriedade e a ascendência aos postos de comando são metas que estimulam uma laia governada pelos desejos mais ardentes de elevação, tecendo no jogo do poder uma teia viscosa de política sórdida, que garanta um jirau na caça ao auge da posição. Ninguém neste mundo está imune ao veneno da cobra. A teomania é percebida até mesmo na sujidade da pirraça. O cantador de viola dizia em seus versos de pé quebrado: Eu sou maior do que Deus. Maior do que Deus eu sou. Eu sou maior no pecar. Porque Deus nunca pecou. Para ele era atraente ultrapassar a Deus nem que fosse à vileza.
Entretanto, Paulo se apresentou aos gálatas como alguém que carregava em seu corpo as marcas de Jesus. Para ele havia algo mais significativo do que a estimativa do pódio. Ele podia até subir numa plataforma, desde que a glória fosse conferida apenas ao Senhor. Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! Romanos 11:36.
As evidências da cruz vêem assinaladas pelo esvaziamento do ego. Uma pessoa que foi salva de verdade por Jesus, significa que ela foi salva de si mesma. Aquele que se estima não tem a menor estimativa do que é a salvação, uma vez que ela liberta a pessoa de si mesma. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 2 Coríntios 5:15.
A morte solidária de Cristo com o pecador tem como finalidade principal alforriar o escravo de si mesmo, a fim de levá-lo a viver para Deus. O pecado nos fez sujeitos a um déspota insuportável, o nosso próprio egoísmo. Ninguém é mais insatisfeito do que o ególatra, e ninguém pode ser mais contente do aquele que foi emancipado de si mesmo através do sacrifício de Cristo. Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Romanos 14:7.
Cristo nos levou a morrer juntamente com ele para que nós possamos nos renunciar a nós mesmos. Sem o desapego de nosso egotismo não haverá verdadeira vida espiritual.O ego está contaminado de teomania arrogante e não consegue se desapreciar, vivendo sempre em busca de aplausos e reconhecimento. Somos uma raça inchada e iludida com a obesidade de nossa presunção. A renúncia de nós mesmos é sempre um resultado da consciência de nossa real imprestabilidade pecaminosa. Enquanto acharmos que somos importantes e dignos de aprovação nós teremos muita dificuldade de nos desestimar, por isso mesmo a abdicação de nossa nobreza é um milagre da morte com Cristo. A mentalidade atual da psicologia promove acima de tudo a nossa auto-estima como a base do bem-estar emocional. Mas Jesus sustenta a necessidade fundamental da abnegação como o alicerce do seu discipulado. Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23. Não há cristianismo autêntico sem estes quatro princípios essenciais.
Primeiro, a liberdade corajosa. Se alguém quer vir após mim. Ainda que ninguém venha a Cristo porque queira, ninguém poderá vir a ele se não o quiser. A vontade humana corrompida pelo pecado não quer a Cristo, mas o Espírito Santo mediante a loucura da pregação da Palavra convence o rebelde a querer aquele que ele não queria. Ninguém crê porque quer crer, além do mais ninguém é obrigado a crer. Mas quem crê, só crê porque foi persuadido voluntariamente a crer com o milagre da fé.
Segundo, a autonegação. A si mesmo se negue. Não há fé cristã sem a demissão de nós mesmos. A sala do trono não pode ser ocupada por dois regentes. Se Cristo é o rei, então o ego tem que se afastar. Não se trata de mera resignação, mas de abdicação do mando. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Romanos 14:8.
Terceiro, a atualização da morte. Dia a dia tome a sua cruz. A experiência cristã começa com a pena de morte do pecador juntamente com Cristo e continua com a sua reedição diariamente. A cruz não é um simples instrumento de tortura, mas uma sentença de extermínio que precisa de regularidade. O tempo de validade da cruz é agora, por isso é imperiosa a sua reciclagem a cada instante, trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos. 2 Coríntios 4:10.
Quarto, a caminhada persistente. E siga-me. Jesus não está convidando alguém para um passeio no Parque nem para uma exibição numa passarela. Ele ordena ao discípulo a segui-lo. No cristianismo, ninguém recebe um mapa de viagem e uma bússola para a orientação, deixando que cada um faça o seu próprio trajeto. A viagem do cristão obedece ao roteiro do guia. E Jesus é o único Guia. Siga-me tem implicações com a atualização da morte, com a autonegação e com a liberdade corajosa que define o perfil daquele que verdadeiramente recebeu a Cristo como Senhor da sua história. Os efeitos eficientes da cruz definem uma marcha sem mochila e sem murmuração. O discípulo do Cordeiro não tem permissão de abrir a sua boca para reclamar das condições da viagem, muito menos para propalar os seus direitos, uma vez que Jesus nunca prometeu boa vida na estrada, nem fez propaganda enganosa para alguém levá-lo ao Procom Celestial. Talvez por isso Teresa de Ávila tenha suspeitado: Senhor, se é assim que tratas os teus amigos, não é de admirar que tu tenhas tão poucos.
As marcas de Jesus que o apóstolo Paulo se refere são as marcas de uma vida estigmatizada pelas seqüelas da cruz. Nenhum peregrino da via-crúcis tem licença de se defender ou autorização para se promover. A passeata dos discípulos do Cordeiro é silenciosa diante da platéia humana e exultante perante o trono da graça. Eles se calam ante seus feitos pessoais, enquanto cantam exultantes ao Cordeiro que já apagou todos os seus defeitos com o sangue imaculado. Os santos não reivindicam tributos, tampouco fazem crítica ao tratamento que o Pai determinou para sua jornada. Eles têm uma ótica bem diferente do estrabismo que caracteriza os descendentes de Adão. Veja como o velho viageiro enxergava o horizonte: Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. Romanos 8:18.
Enquanto estivermos andando nesse caminho não há promessa de vida fácil. Jesus não garantiu sucesso no percurso, pelo contrario, ele foi enfático com as lutas, todavia apelou para que seus discípulos fossem bem humorados. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. Mateus 5:11-12.
A estrada é complicada, mas o hotel é uma constelação de estrelas quando chegar ao fim da viagem. A recompensa no evangelho é um assunto para o fim. No reino de Deus ninguém recebe propina para promover os projetos. O prêmio é sempre no final. Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Apocalipse 2:10.
Se os efeitos da cruz removem de nós os direitos pessoais, eles também retiram de nós a tendência de nos comparar com os outros. Quando Jesus revelou a Pedro que teria uma morte atroz para glorificá-lo, ele apontou para João querendo saber o que ocorreria ao discípulo amado. Respondeu-lhe Jesus: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me. João 21:22.
Ainda que todos sejam escolhidos e aceitos pela graça, isso não significa uma uniformização nos ministérios. A soberania divina tem o direito de escolher um vaso para honra e outro para a desonra e não há isonomia nas suas decisões. Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. 2 Timóteo 2:20.
A escolha de Deus é soberana e ninguém tem autoridade para controverter os seus propósitos. Por outro lado ninguém pode desfazer aquilo que Deus faz em nossas vidas. Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Romanos 9:20.
Quando o Pai escolhe um vaso para um lugar de destaque, ninguém tem o direito de discutir essa decisão. E quando ele convoca alguém para uma missão penosa, ninguém precisa ter pena desse missionário. A única alternativa que o verdadeiro discípulo tem é a que Jesus disse a Pedro: Quanto a ti, segue-me.
Na casa de Aba não há lugar para competições pessoais ou confrontos particulares. Os seus filhos têm as marcas do seu Filho Jesus, por isso mesmo o julgamento na família se pauta pela vontade soberana do Pai. Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Romanos 14:4.
Quero arrematar esse ponto com as palavras de Paulo quando iniciamos a meditação: Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus. As principais características do caráter de Jesus são vistas nesta sua afirmação: Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Mateus 11:29.A única canga em que nós estivemos juntos com Jesus foi lá na cruz. Naquela ocasião ele morreu a nossa morte e na sua ressurreição nós ganhamos a sua vida a fim de podermos andar em mansidão e humildade de coração. A mansidão fala do nosso desapego com relação às posses, enquanto a humildade aponta para a desestima de nós mesmos em razão de sermos apenas pó. Se ainda temos apego a esses dois vetores, precisamos de mais luz para a revelação dos efeitos eficientes da cruz em nossas vidas.
QUE DEUS NOS ABENÇOE !!

terça-feira, janeiro 09, 2007

Seguir O plano de Deus

Seguir o plano de Deus e ter sucesso em nossa vida é algo por que todos ansiamos. Vemos na história e na palavra de Deus que todos os homens que decidiram obedecer a Deus e seguir Seu plano tiveram êxito na vida. Moisés e Josué são exemplo disso. Você já parou para pensar que Deus tem um plano para sua vida? É isso que a Palavra do Senhor declara em Jeremias 29:11: que Ele tem pensamentos de paz e não de mal a nosso respeito. O Salmo 139:16 diz que todos os nossos dias estão contados e escritos no Seu livro. Deus tem um plano, Deus tem uma carreira para você! Aleluia! A verdade é que muitos sabem que Deus tem um plano, mas nem sempre sabem como segui-lo. Alguns, em tentativas desesperadas de cumprir o plano de Deus, tentam realizá-lo com as suas mãos e acabam fracassando. Fazem as coisas fora do tempo de Deus, não compreendem que “para Deus um dia é como mil anos e mil anos como um dia” (2 Pe 3:8). Outros começam bem, mas param no meio do caminho, não conseguem cumprir a carreira, se esquecem que “o mais importante não é como começamos, mas como terminamos”! (2 Tm 4:7). Outros se perdem, começam correndo suas carreiras, mas logo se distraem com as circunstâncias, esquecem a sua carreira, fitam seus olhos na carreira de um outro irmão e quantas são as coisas que tentam nos tirar do alvo! Por isso - Você tem corrido sua carreira, de forma digna? No livro de Hebreus 12:1 e 2, o escritor dá alguns conselhos para aqueles que compreendem que têm uma carreira e querem segui-la até o fim. “Portanto, também nós, visto que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, o autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”.Podemos tirar várias lições desse texto, mas gostaria de enfatizar algumas que facilitarão a sua vida, enquanto você corre a carreira que Jesus preparou.
Que Deus nos Abençoe !

terça-feira, dezembro 26, 2006

CELEBRANDO A NOVA ALIANÇA NO NATAL

O Natal não é apenas o nascimento de Jesus. Pensar nele assim é limitar o seu real significado. Quando Cristo nasceu, ele inaugurou a nova Aliança, e se fez o nosso representante diante do Pai, como Mediador deste Pacto da graça. O Redentor é o cumprimento das promessas do Antigo Testamento. Desde o Jardim do Éden, o nascimento do Filho de Deus é ansiado (Gn 3:15). Ao decorrer de toda a antiga Aliança foram acrescentadas novas promessas e profecias descrevendo com detalhes como o Salvador se manifestaria no mundo, reconciliando pecadores com o santo Deus. Por isso, Ele é chamado de Cristo [do hebraico mashiah: que significa prometido].Hoje podemos olhar para o passado e visualizar toda a obra da redenção consumada. Por isso, não devemos nos limitar a comemorar somente o nascimento de Cristo, mas podemos nos alegrar com toda a salvação realizada por Ele. A sua encarnação apenas inaugurou todo o processo que culminaria na Sua vergonhosa morte na cruz (Fp 2:5-11; 2 Co 5:18-21).A verdadeira celebração começa na conversão. Não é possível festejar o nascimento de Cristo sem passarmos por um novo nascimento (Jo 3:3-15). Não é possível comemorar o nascimento do Salvador, vivendo escravo do pecado, sob a ira de Deus, desprezando a graciosa salvação. Cristo veio precisamente para perdoar e salvar o que estava perdido (Lc 15).O verdadeiro sentido natalino somente se tornará real, quando você entender que “se confessarmos os nossos pecados, Ele [Cristo] é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1 Jo 1:9). Se não tivermos dado boas vindas a Cristo em nosso coração, não temos a alegria da salvação, e conseqüentemente, o Natal será apenas comida e bebida, mas não haverá “justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14:17). Abençoadas festas celebrando a Aliança do Senhor contigo, em Cristo Jesus o Mediador.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

O PERIGO DO ORGULHO

Orgulho é a disposição de mostrarmos uma condição superior àquilo que realmente somos. Por mais capazes que sejamos, nunca poderemos nos esquecer que Deus nos faz servos. Por isso, no Antigo Testamento a palavra hebraica para orgulho realça a altivez ilusória da pecador, e no Novo Testamento, a palavra grega refere-se ao engano de olhar por cima dos demais, considerando-se superior aos outros. Em nossa cultura também expressamos esta verdade ilustrada pelo provérbio: fulano pensa que está por cima da carne seca.O orgulho tem variadas formas de sinônimos. Pode ser chamado de arrogância, presunção, altivez, insolência, ostentação, pedantismo e soberba. Embora, haja variação no uso de cada um destes verbetes, mas a causa, a raíz, o desenvolvimento e o resultado sempre serão os mesmos.Esta disposição transforma-se em pensamentos, motivações, sentimentos e finalmente atitudes. É interessante como este pecado é tão comum em todo ser humano, e ao mesmo tão prazeiroso, e tão difícil de ser reconhecido em si mesmo. Mas, é precisamente por causa do próprio orgulho, é que ele se esconde, somos motivados pelo sentimento de auto-preservação. O orgulho é sujo demais para aparecer manchando a nossa tão ilustre imagem!O orgulho conduz e induz à outros pecados. Por exemplo, a auto-suficiência faz com que neguemos a necessidade da mutualidade [uns aos outros]; a competividade gera desprezo pela superioridade e excelência do outro, produzindo em nós inveja do seu desempenho, ou prosperidade; o engano de sermos superiores nos ilude em ostentar um status e valores que realmente são vaidade; o próprio saber perde o seu propósito produtivo tornando-se em pedantismo; e a lista não termina...Mas, o orgulho de cada um compete com a soberba dos demais. Outro ditado diz que dois bicudos não se beijam. Responda com sinceridade às seguintes perguntas de auto-avaliação: 1) o quanto me desagrada ser desprezado?; 2) sinto-me ofendido quando recusam dar-me atenção?; 3) qual a minha reação quando um orgulhoso se aproxima de mim, ostentando a sua própria soberba?; 4) aceito que outras pessoas [confiáveis] se intrometam na minha vida [prática da mutualidade]?Geralmente as pessoas não percebem, mas o orgulho pode ser um estímulo para derrotar pecados mais simples. No impulso do orgulho "ferido" o covarde reage! Para não ser desprezado é possível dominar, sem mudar, o mau gênio. Com medo do escândalo algumas pessoas evitam uma vida de promiscuidade, mas quando estão seguras entre estranhos se soltam e fazem aquilo que realmente são. Por fim, o orgulho pode ser a motivação para a vaidade, mas também o inibidor dela. O real problema é que o orgulho não aperfeiçoa a pessoa, apenas produz uma maquiagem temporária, para que o soberbo não entre em prejuízo nos seus interesses pessoais.O resultado final do pecado que ostenta, e que nos ilude com uma pseudo-elevação [altivez] será uma desgraçada queda. Os efeitos do orgulho são: engano do coração [Jr 49:16]; endurecimento da mente para a verdade [Dn 5:20]; produção da inimizade [Pv 13:10]; leva à auto-destruição [Pv 16:18; 2 Sm 17:23]; esgota as energias, porque o esforço de manter o orgulho é demasiado difícil para ostentá-lo de forma permanente [Sl 131]. A Palavra de Deus diz que ele resite ao soberbo [Tg 4:6].A cura para o orgulho não está na maturidade obtida com os anos. Não é o acúmulo de conhecimento, ou de experiências que lhe habilitará vencer o seu orgulho, mas apenas o quebrantamento produzido pelo Espírito do Senhor. A Escritura Sagrada ordena-nos humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará [Tg 4:10].
QUE DEUS NOS ABENÇOE !

segunda-feira, dezembro 18, 2006

OS TREIS ENCONTROS


O texto para nossa reflexão encontra-se em João, capítulo 9; é chamado de “A Cura do Cego de Nascença”, mas bem poderia ser conhecido como “Os 3 Encontros com Jesus”.
O primeiro deles foi um encontro prático. Foi a curiosidade dos discípulos que encaminhou este encontro. Em Israel e, mesmo fora dele, sempre se imaginou uma relação de causa-e-efeito muito simplista; de duas, uma: este homem era cego por causa do seu próprio pecado, ou por causa do pecado de seus pais. Jesus rompeu com este modo de pensar e afirmou: “nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (v. 3). Ato contínuo, fez lodo com terra e saliva, aplicou aos olhos do cego, que se dirigiu ao Tanque Siloé. Resultado? O resultado é que ele passou a enxergar.
Literalmente, sua vida se transformou num piscar de olhos. Agora poderia ver as pessoas, distinguí-las, observar a natureza, encantar-se com as cores. Um novo mundo se abria para ele. Além de cego, era um mendigo. Doravante, poderia ter uma digna ocupação. Realmente, este encontro foi muito prático e vantajoso para o cego, cujo nome nem sabemos. Porém, isto não significou verdadeiro e profundo encontro com Cristo. Quando perguntado a respeito de quem havia operado este milagre, ele, apenas, responde que nem sabia onde ele se encontrava (v. 12).
Muitos têm um encontro desta natureza com o Senhor Deus. Trata-se de um encontro que resolve problemas, geralmente do tipo saúde, dinheiro, vida afetiva e coisas semelhantes. Mas não passa disto. Neste caso, Jesus é um grande “quebra-galhos”.
Surpreendentemente, o que fora cego, agora se vê diante da iminência de um 2º encontro com Cristo, que nós vamos chamadar de encontro religioso. Na verdade, nem foi um encontro pessoal com Cristo. Mas sem o querer, ele se viu num grande debate teológico e doutrinário a respeito de Cristo, a ponto de fazer um pronunciamento que calou os fariseus (v. 13-34).
Encontros como este, também, são muito comuns. Do contrário, não existiriam tantas igrejas, para tantos gostos. Basta uma ligeira discordância e, repentinamente, surge um novo grupo. E os que militam nesta vertente podem fazer prolongados discursos sobre o seu ponto de vista, sem que isto se reflita numa mudança radical de vida.Finalmente, vamos observar o 3º e definitivo encontro com Cristo. Poderíamos chamá-lo de encontro de salvação, de redenção, mas o próprio texto sugere um termo mais simples. Foi o encontro da fé. Neste momento, Jesus aborda o que fora cego com a seguinte questão: “crês tu no Filho do homem?” (v. 35); ao que ele indaga: “e quem é ele para que eu deposite a minha confiança nele?” (v. 36). Neste ponto, Jesus se revela de modo bem claro: “já o tens visto e é o que fala contigo”. A resposta definitiva vem nesta simples expressão: “creio, Senhor” (v. 38).
O objeto de nossa fé não são as circunstâncias: se positivas, então, cremos, caso contrário, não podemos professar tal fé. Não direcionamos a nossa fé a pessoas ou instituições. Nossa fé está posta no Senhor Jesus, haja o que houver. Tal fé vai provocar uma atitude de constante adoração a Jesus (v. 38) e um caminho sempre iluminado (v. 39-41), pelo qual devemos andar.
Que encontros já tivemos com Cristo? Em qual encontro nos achamos estacionados? É mister avançar para o pleno e decisivo encontro, que salva e redime e nos faz andar em novidade de vida, para a honra e a glória do nosso Deus.
QUE DEUS NOS ABENÇOE !

quinta-feira, dezembro 14, 2006

SE TODOS OS DIAS FOSSEM COMO O NATAL

"A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria”. (Mt 2.10)

Imagino a sensação daqueles magos ao contemplarem a estrela que apontava para o oriente, onde algo de extraordinário havia acontecido, e que mudaria a história. A recomendação do rei Herodes Antipas era para que eles fossem até o local onde estava o menino, o reconhecessem e depois voltassem com as indicativas do caminho para que, posteriormente, ele também pudesse ir e “adorá-lo” (Mt. 2:8). Mas a estrela parece ter “aberto os olhos” daqueles magos em todos os sentidos: quanto aos intentos malévolos de Herodes (o que na verdade foi-lhes revelado em sonho), para uma realidade maravilhosa que estava por vir, jamais antes experimentada pela humanidade, para o próprio Deus encarnado em uma criança recém-nascida. Naquele momento parece ter havido uma mudança de sentido, uma conversão de motivações e emoções. A curiosidade transformou-se em certeza, e o vazio foi preenchido por uma “profunda alegria”.Natal é tempo de mutações. Não apenas as cidades ficam mais bonitas e coloridas, com suas agitações típicas e decorações peculiares, mas o comportamento das pessoas também parece mudar. Ainda que por pouco tempo, a fraternidade substitui o individualismo, a solidariedade toma o posto da indiferença, a superficialidade e fugacidade que marcam a vida nos grandes centros dão lugar à generosidade, à compreensão e ao amor. “Reconciliação” seria a palavra exata para expressar tudo o que estou dizendo. Não seria este o “espírito do natal” de que tanto se fala? Ora, não me refiro aqui ao “espírito” consumista que contagia as pessoas nesta época, nem tampouco aos presentes, árvore de natal ou Papai Noel. É inegável que tudo isso influencia e muito. Mas ao que verdadeiramente faz do natal um tempo diferente: Jesus.Ah, e se todos os dias fossem como o natal? Se Jesus deixasse de ser apenas um símbolo guardado na memória, de quem nos lembramos por conveniência, como quem tira um coelho da cartola, apenas em datas comemorativas do calendário “cristão”, passando a ser o referencial de vida de todas as pessoas que o apontam como o “verdadeiro sentido do natal”, todos os dias do ano? Então poderíamos finalmente viver o natal como é para ser vivido, todos os dias, como um interminável “tempo de bençãos”, como uma estrela sempre presente no céu a brilhar, nos lembrando de que o Emanuel permanece conosco, enchendo-nos de paz e alegria, transformando-nos para que transformemos este mundo, e produzamos frutos “dignos de arrependimento”, trazendo de volta à vida aqueles a quem Ele quer bem.

LÂMPADAS ACESAS

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5:16).

Já estamos no mês de dezembro, época em que as residências, os centros comerciais e as ruas estão decorados com motivos natalinos. Em meio a tantos enfeites, o que mais sobressai são as luzes: pisca-piscas, estrelas, velas, dentre outros objetos que podem ser apreciados, mesmo a distância. São emissores de iluminação artificial, que podem ser ligados ou desligados com um simples toque no botão. É um atrativo que enche os nossos olhos, podendo até nos causar um certo impacto emocional, mas que não se estende por mais que um mês; afinal o mês de janeiro já está ali, para mostrar que um novo ano de lutas começará. De qualquer forma, tais luzes são muito bonitas de se ver, mas se restringem aos nossos olhos, não tendo nenhum poder para mudar nossas atitudes.O Natal ficaria mais bonito se as luzes internas das pessoas estivessem mais ofuscantes que as luzes externas, se o foco estivesse em servir Deus e ao próximo e não ficar esperando ser servido por eles; se as pessoas não se importassem em fazer algo para receber elogios, mas sim que tivessem prazer em satisfazer as necessidades dos outros, mesmo não recebendo absolutamente nada em troca. O amor pregado por Jesus é aquele que nos leva a tomar a iniciativa de sermos luz no mundo, independentemente do retorno que venhamos a ter.
Também aniquilaríamos a hipocrisia se as nossas lâmpadas internas permanecessem acesas durante todo o ano, expressando com autoridade o nosso título de Filhos de Deus. Sendo frios ou mornos (Ap. 3:15-16), instáveis entre a vontade de Deus e os desejos da carne, não há como as pessoas reconhecerem o Natal dentro de nós. Jesus não comemora seu nascimento para sair de cena logo em seguida. Ele vem para ficar e exige que seus filhos participem do seu Reino ativamente, o tempo todo. Não dá para buscarmos uma “purificação espiritual”, no mês em que a solidariedade aflora em muitas comunidades do mundo, e logo em seguida apagarmos nossas lâmpadas internas e aguardarmos até o fim do próximo ano.
É tempo de verificar o estado de nossas lâmpadas internas, de ver se estão queimadas ou se apenas é necessário apertar o botão para acendê-las. É hora de buscar, em Deus, a iluminação do nosso interior para que possamos de fato iluminar o exterior. Deus quer tratar o nosso caráter cristão, quer ver nossa mudança de atitudes. E não somente no mês de dezembro, afinal, Deus e nosso próximo contam conosco por todo o ano.

QUE DEUS NOS ABENÇOE !


terça-feira, dezembro 12, 2006

O MENINO E A MANJEDOURA

Quando lemos na palavra de Deus sobre o nascimento do Rei da Glória, Jesus Cristo nos deparamos com um paradoxo: O Senhor da Vida nasce e descansa, envolto em panos, numa simples manjedoura. Aquele que tudo criou descansa agora não em um berço de ouro situado em um quarto imenso e de luxo, mas em um local utilizado para colocarem alimento para animais, uma manjedoura de madeira.
Qual é o significado do menino Jesus descansando naquela manjedoura? O significado é maravilhoso demais para todos nós. A humanidade toda deveria ser alcançada com a mensagem do Natal de Cristo. Deus vem até nós em Jesus e nos encontra em nossa realidade. Esse é o grande significado daquele menino na manjedoura: Deus vem ao nosso encontro, onde estamos, no nosso dia a dia, em meio as nossas dores, sofrimentos, angústias, desprezo, injustiças, tudo isso para nos redimir e nos comprar para si.
Deus, em Jesus, não vem para uma humanidade utópica, idealizada, mas para homens e mulheres reais. É numa manjedoura de madeira que ele nos encontra e não em um berço de ouro. A realidade da humanidade não está no engano do luxo ou daquelas coisas que possam desviar nossas mentes do fato real de que todos precisam desesperadamente de Deus. Desde o seu nascimento Jesus nos revela um Deus que entra em nossa realidade de dor e sofrimento para nos levar para a sua realidade de vida abundante, plena e eterna.Jesus começa sua vida na manjedoura de madeira e, no fim, a entrega ao Pai também pendurado no madeiro, na cruz. Ele nos revela um Deus que se faz maldito, entrando na realidade dos malditos. Que se faz desprezado, entrando na realidade dos desprezados. Que sofre a injustiça dos injustiçados. Que chora a dor dos enfermos. Ele se fez maldito em nosso lugar para que fossemos dignificados pela nova vida ofertada em Cristo, ou seja, nossa adoção como filhos e filhas do Eterno.
A verdade é: o Deus de amor não poderia ter descansado em outro lugar a não ser naquela manjedoura. É lá que ele nos encontra com todas nossas feridas e dores e, dessa forma, com o seu toque abençoador, nos cura eternamente. A manjedoura já é o princípio da cruz, da humilhação do Deus que nos ama e quer nos salvar. A cruz, historicamente falando, não acontece simplesmente no Calvário, mas desde o nascimento daquele pequenino menino. O Natal representa o início histórico da nossa salvação.
A manjedoura em si não é nada mais do que um amontoado de madeira e pregos para alimentar os animais. Sua importância está naquele que nela descansou. Jesus, na sua simplicidade e humilhação, nos revela um Deus que nos ama verdadeiramente e está conosco em nossas lutas e tribulações. Nos Revela um Deus presente, conosco, o Emanuel. Ver, pela fé, aquele menino na manjedoura é ver, pela fé, Deus presente em nossas vidas.
Aquele menino na manjedoura está nos dizendo sem palavra alguma: enquanto vocês não provam da salvação plena de Deus eu estou convosco. Enquanto a morte, a dor, o sofrimento e a injustiça não se tornam passado, ou seja, deixam de existir eternamente, Deus está com vocês, na sua realidade. Hoje o nosso coração é a manjedoura onde o menino Jesus quer descansar para assim nos trazer a paz e a vida de Deus. Talvez você pense: meu coração não é digno de receber esse menino. A resposta de Jesus a você é: aquela manjedoura também não era digna de mim, mas por amor a você descansei nela. Fiz isso para te trazer para perto de mim. A manjedoura do seu coração, certamente, não é perfeita nem digna de mim também, mas quero descansar nela para estar perto de você e você de mim. Quero descansar no seu coração para te envolver com minha vida, amor e graça. Quero estar presente com você em suas alegrias e vitórias, mas também nas suas lutas e derrotas. Quero rir com você, mas também quero estar com você em seu choro e sofrimento. Enquanto a vitória da ressurreição não te alcança de forma plena, eu quero estar com você.
Essa é a mensagem do Filho de Deus que descansou naquela manjedoura. O mundo deve saber dessa história. Resta-me fazer-te ainda uma pergunta: o seu coração já é descanso para esse menino? Entregue seu coração a ele, deixe esse Deus maravilhoso que, na simplicidade da manjedoura, lhe diz: amo-te, quero ser o seu Deus e Salvador.