quinta-feira, dezembro 14, 2006

SE TODOS OS DIAS FOSSEM COMO O NATAL

"A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria”. (Mt 2.10)

Imagino a sensação daqueles magos ao contemplarem a estrela que apontava para o oriente, onde algo de extraordinário havia acontecido, e que mudaria a história. A recomendação do rei Herodes Antipas era para que eles fossem até o local onde estava o menino, o reconhecessem e depois voltassem com as indicativas do caminho para que, posteriormente, ele também pudesse ir e “adorá-lo” (Mt. 2:8). Mas a estrela parece ter “aberto os olhos” daqueles magos em todos os sentidos: quanto aos intentos malévolos de Herodes (o que na verdade foi-lhes revelado em sonho), para uma realidade maravilhosa que estava por vir, jamais antes experimentada pela humanidade, para o próprio Deus encarnado em uma criança recém-nascida. Naquele momento parece ter havido uma mudança de sentido, uma conversão de motivações e emoções. A curiosidade transformou-se em certeza, e o vazio foi preenchido por uma “profunda alegria”.Natal é tempo de mutações. Não apenas as cidades ficam mais bonitas e coloridas, com suas agitações típicas e decorações peculiares, mas o comportamento das pessoas também parece mudar. Ainda que por pouco tempo, a fraternidade substitui o individualismo, a solidariedade toma o posto da indiferença, a superficialidade e fugacidade que marcam a vida nos grandes centros dão lugar à generosidade, à compreensão e ao amor. “Reconciliação” seria a palavra exata para expressar tudo o que estou dizendo. Não seria este o “espírito do natal” de que tanto se fala? Ora, não me refiro aqui ao “espírito” consumista que contagia as pessoas nesta época, nem tampouco aos presentes, árvore de natal ou Papai Noel. É inegável que tudo isso influencia e muito. Mas ao que verdadeiramente faz do natal um tempo diferente: Jesus.Ah, e se todos os dias fossem como o natal? Se Jesus deixasse de ser apenas um símbolo guardado na memória, de quem nos lembramos por conveniência, como quem tira um coelho da cartola, apenas em datas comemorativas do calendário “cristão”, passando a ser o referencial de vida de todas as pessoas que o apontam como o “verdadeiro sentido do natal”, todos os dias do ano? Então poderíamos finalmente viver o natal como é para ser vivido, todos os dias, como um interminável “tempo de bençãos”, como uma estrela sempre presente no céu a brilhar, nos lembrando de que o Emanuel permanece conosco, enchendo-nos de paz e alegria, transformando-nos para que transformemos este mundo, e produzamos frutos “dignos de arrependimento”, trazendo de volta à vida aqueles a quem Ele quer bem.

LÂMPADAS ACESAS

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5:16).

Já estamos no mês de dezembro, época em que as residências, os centros comerciais e as ruas estão decorados com motivos natalinos. Em meio a tantos enfeites, o que mais sobressai são as luzes: pisca-piscas, estrelas, velas, dentre outros objetos que podem ser apreciados, mesmo a distância. São emissores de iluminação artificial, que podem ser ligados ou desligados com um simples toque no botão. É um atrativo que enche os nossos olhos, podendo até nos causar um certo impacto emocional, mas que não se estende por mais que um mês; afinal o mês de janeiro já está ali, para mostrar que um novo ano de lutas começará. De qualquer forma, tais luzes são muito bonitas de se ver, mas se restringem aos nossos olhos, não tendo nenhum poder para mudar nossas atitudes.O Natal ficaria mais bonito se as luzes internas das pessoas estivessem mais ofuscantes que as luzes externas, se o foco estivesse em servir Deus e ao próximo e não ficar esperando ser servido por eles; se as pessoas não se importassem em fazer algo para receber elogios, mas sim que tivessem prazer em satisfazer as necessidades dos outros, mesmo não recebendo absolutamente nada em troca. O amor pregado por Jesus é aquele que nos leva a tomar a iniciativa de sermos luz no mundo, independentemente do retorno que venhamos a ter.
Também aniquilaríamos a hipocrisia se as nossas lâmpadas internas permanecessem acesas durante todo o ano, expressando com autoridade o nosso título de Filhos de Deus. Sendo frios ou mornos (Ap. 3:15-16), instáveis entre a vontade de Deus e os desejos da carne, não há como as pessoas reconhecerem o Natal dentro de nós. Jesus não comemora seu nascimento para sair de cena logo em seguida. Ele vem para ficar e exige que seus filhos participem do seu Reino ativamente, o tempo todo. Não dá para buscarmos uma “purificação espiritual”, no mês em que a solidariedade aflora em muitas comunidades do mundo, e logo em seguida apagarmos nossas lâmpadas internas e aguardarmos até o fim do próximo ano.
É tempo de verificar o estado de nossas lâmpadas internas, de ver se estão queimadas ou se apenas é necessário apertar o botão para acendê-las. É hora de buscar, em Deus, a iluminação do nosso interior para que possamos de fato iluminar o exterior. Deus quer tratar o nosso caráter cristão, quer ver nossa mudança de atitudes. E não somente no mês de dezembro, afinal, Deus e nosso próximo contam conosco por todo o ano.

QUE DEUS NOS ABENÇOE !