quarta-feira, novembro 29, 2006

2º ESTUDO DO EVANGELHO DE MARCOS

O Evangelho de Marcos – cap.14. 27-31 NVI)

(14.27) Disse Jesus: “Vocês todos me abandonarão. Pois está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas’. (28) Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia”. (29) Pedro declarou: “Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei!” (30) Respondeu Jesus: “Asseguro-lhe, que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes me negarás“. (31) Mas Pedro insistia ainda mais: “Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei”. E todos os outros disseram o mesmo.

O anúncio de Jesus, de que um entre seus seguidores seria o instrumento através do qual Ele acabaria nas mãos de seus inimigos, deveria ter causado muita discussão e contradições entre seus discípulos. Jesus não tinha ilusões quanto ao que as próximas horas trariam. No seu íntimo, tinha chegado à conclusão que no momento crucial todos seus seguidores O abandonariam. Lembrou de uma palavra do profeta Zacarias: (14.27) Disse Jesus: “Vocês todos me abandonarão. Pois está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas’ (Zac.13.7).
Você consegue imaginar a dor sentida pelo “Bom Pastor” ao prever a dispersão dos “seus” em conseqüência de sua morte iminente? O que O consolava foi a firme esperança da intervenção de Deus Pai. A morte física não invalidaria o propósito Divino que Ele, Jesus, anunciara. Não, Ele novamente apareceria aos seus, na mesma Galiléia onde, pela primeira vez, tinha chamado os Doze para o discipulado. (28) “Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia”. Pedro, sempre precipitado, não estava interessado no que Jesus acabou de dizer. O que o interessava era o “agora”. A previsão da debandada geral havia ferido gravemente seu orgulho. Será que Jesus não sabia que ele, Pedro, era homem em que o mestre podia confiar? Os demais talvez fugissem quando a situação esquentasse, mas ele não! (29) Pedro declarou: “Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei!” Algo tão incrível como abandonar seu Senhor, Pedro não era capaz de imaginar. Sinceramente, convencido de si mesmo, julgou impossível o que pouco tempo depois faria de maneira tão vergonhosa.
Não pense que você seja melhor que Pedro! O problema de Pedro era que não conhecia a si mesmo suficientemente; exatamente o problema seu, meu e de todos nós que procuramos saber quem somos até no divã do psicanalista, nos dias atuais. Como irei reagir em situações que não conheço, se nem a mim mesmo conheço o suficiente? É dessa problemática que o salmista fala quando clama no salmo 139.23,24: “ Sonda-me, o Deus, e conhece o meu coração...”. O grande Davi, após ter sido surpreendido pelo seu próprio pecado, confessou que somente “Na tua luz vemos a luz” (Salmo 36.9). Você já chegou a esta conclusão? Somente Um me conhece o suficiente e faço bem em convidá-lO a dirigir meus passos. “Vê se em minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno” (Salmo 139.24).
(30) Respondeu Jesus: “Asseguro-lhe, que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes me negará“. Não somente um possível abandono da parte de Pedro em qualquer dia futuro é que Jesus viu diante de si. Numa declaração chocante, Jesus marcou a iminência do previsto: “antes que duas vezes cante o galo” – na terceira das quatro vigílias da noite, entre meia-noite e três da manhã iria acontecer o incrível. Jesus tinha que seguir seu caminho sozinho. O evangelista João nos relata uma conversa em que Pedro havia-se oferecido para seguir Jesus até a morte (João 1337,38). Aparentemente não era capaz de entender o teor do que Jesus lhe disse e insistiu em professar sua lealdade: (31) Mas Pedro insistia ainda mais: “Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei”. E todos os outros disseram o mesmo. No termo “todos” não reside segurança: “todos” podem estar errados em suas concepções. Hoje sabemos que, apesar de sua intenção de manterem-se unidos ao seu Senhor, todos o abandonaram e fugiram quando O viram ser preso e levado embora.
Eles haviam-se unido ao seu Senhor sendo convencidos de que, através dEle o prometido Reino de Deus tornaria forma, aconteceria nessa terra e eles estariam com Ele neste Reino. Um fim tão trágico da empreita, como estava a anunciar-se, estava além do que eram capazes de entender. Preferiram apostar em alguma dificuldade passageira que, unidos, venceriam. De alguma forma, seu Senhor iria se livrar e triunfar sobre seus inimigos.

Talvez possamos tirar duas pequenas lições para nossa vida. A primeira: para os discípulos não havia como entender a situação de outra maneira senão a conclusão a que chegaram. Estavam dispostos a continuarem com seu Senhor. No entanto, O abandonaram. De maneira similar, nós tampouco somos capazes de cumprir promessas a Jesus. Podemos, sim, pedir que Ele nos guarde e guie. O poder de nos mantermo fiéis ao Senhor não está conosco; está com Ele. Não caia na tentação de prometer a Deus o que não está em suas mãos!

O segundo ensino do episódio consiste em perceber que Jesus, na situação em que se encontrava, consciente do perigo que corria, não armou um plano para enfrentar o inevitável. Pela segunda vez deveria ter ouvido o inimigo sussurrar no seu ouvido o que lhe havia proposto no deserto, logo após ter sido batizado por João. “Tudo isso te darei, se você me adorar” (Mateus 4.9). Ainda dava tempo para armar uma solução e entender-se com o clero. No entanto, mais uma vez Jesus decidiu confiar no Seu Pai e esperar Seu livramento da parte dEle.

Quantas vezes não estamos em situações onde temos que decidir se optamos por livramento pelas próprias mãos ou, então, se esperamos ser justificados por Deus. Essa segunda alternativa se chama fé. Ela funciona enquanto estamos nos caminhos de Deus. Não funcionará se você espera que Deus o livre das conseqüências da malandragem.

O seu caminho, que está trilhando, permite a você esperar o livramento da parte de Deus?
QUE DEUS OS ABENÇOE!