terça-feira, dezembro 26, 2006

CELEBRANDO A NOVA ALIANÇA NO NATAL

O Natal não é apenas o nascimento de Jesus. Pensar nele assim é limitar o seu real significado. Quando Cristo nasceu, ele inaugurou a nova Aliança, e se fez o nosso representante diante do Pai, como Mediador deste Pacto da graça. O Redentor é o cumprimento das promessas do Antigo Testamento. Desde o Jardim do Éden, o nascimento do Filho de Deus é ansiado (Gn 3:15). Ao decorrer de toda a antiga Aliança foram acrescentadas novas promessas e profecias descrevendo com detalhes como o Salvador se manifestaria no mundo, reconciliando pecadores com o santo Deus. Por isso, Ele é chamado de Cristo [do hebraico mashiah: que significa prometido].Hoje podemos olhar para o passado e visualizar toda a obra da redenção consumada. Por isso, não devemos nos limitar a comemorar somente o nascimento de Cristo, mas podemos nos alegrar com toda a salvação realizada por Ele. A sua encarnação apenas inaugurou todo o processo que culminaria na Sua vergonhosa morte na cruz (Fp 2:5-11; 2 Co 5:18-21).A verdadeira celebração começa na conversão. Não é possível festejar o nascimento de Cristo sem passarmos por um novo nascimento (Jo 3:3-15). Não é possível comemorar o nascimento do Salvador, vivendo escravo do pecado, sob a ira de Deus, desprezando a graciosa salvação. Cristo veio precisamente para perdoar e salvar o que estava perdido (Lc 15).O verdadeiro sentido natalino somente se tornará real, quando você entender que “se confessarmos os nossos pecados, Ele [Cristo] é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1 Jo 1:9). Se não tivermos dado boas vindas a Cristo em nosso coração, não temos a alegria da salvação, e conseqüentemente, o Natal será apenas comida e bebida, mas não haverá “justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14:17). Abençoadas festas celebrando a Aliança do Senhor contigo, em Cristo Jesus o Mediador.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

O PERIGO DO ORGULHO

Orgulho é a disposição de mostrarmos uma condição superior àquilo que realmente somos. Por mais capazes que sejamos, nunca poderemos nos esquecer que Deus nos faz servos. Por isso, no Antigo Testamento a palavra hebraica para orgulho realça a altivez ilusória da pecador, e no Novo Testamento, a palavra grega refere-se ao engano de olhar por cima dos demais, considerando-se superior aos outros. Em nossa cultura também expressamos esta verdade ilustrada pelo provérbio: fulano pensa que está por cima da carne seca.O orgulho tem variadas formas de sinônimos. Pode ser chamado de arrogância, presunção, altivez, insolência, ostentação, pedantismo e soberba. Embora, haja variação no uso de cada um destes verbetes, mas a causa, a raíz, o desenvolvimento e o resultado sempre serão os mesmos.Esta disposição transforma-se em pensamentos, motivações, sentimentos e finalmente atitudes. É interessante como este pecado é tão comum em todo ser humano, e ao mesmo tão prazeiroso, e tão difícil de ser reconhecido em si mesmo. Mas, é precisamente por causa do próprio orgulho, é que ele se esconde, somos motivados pelo sentimento de auto-preservação. O orgulho é sujo demais para aparecer manchando a nossa tão ilustre imagem!O orgulho conduz e induz à outros pecados. Por exemplo, a auto-suficiência faz com que neguemos a necessidade da mutualidade [uns aos outros]; a competividade gera desprezo pela superioridade e excelência do outro, produzindo em nós inveja do seu desempenho, ou prosperidade; o engano de sermos superiores nos ilude em ostentar um status e valores que realmente são vaidade; o próprio saber perde o seu propósito produtivo tornando-se em pedantismo; e a lista não termina...Mas, o orgulho de cada um compete com a soberba dos demais. Outro ditado diz que dois bicudos não se beijam. Responda com sinceridade às seguintes perguntas de auto-avaliação: 1) o quanto me desagrada ser desprezado?; 2) sinto-me ofendido quando recusam dar-me atenção?; 3) qual a minha reação quando um orgulhoso se aproxima de mim, ostentando a sua própria soberba?; 4) aceito que outras pessoas [confiáveis] se intrometam na minha vida [prática da mutualidade]?Geralmente as pessoas não percebem, mas o orgulho pode ser um estímulo para derrotar pecados mais simples. No impulso do orgulho "ferido" o covarde reage! Para não ser desprezado é possível dominar, sem mudar, o mau gênio. Com medo do escândalo algumas pessoas evitam uma vida de promiscuidade, mas quando estão seguras entre estranhos se soltam e fazem aquilo que realmente são. Por fim, o orgulho pode ser a motivação para a vaidade, mas também o inibidor dela. O real problema é que o orgulho não aperfeiçoa a pessoa, apenas produz uma maquiagem temporária, para que o soberbo não entre em prejuízo nos seus interesses pessoais.O resultado final do pecado que ostenta, e que nos ilude com uma pseudo-elevação [altivez] será uma desgraçada queda. Os efeitos do orgulho são: engano do coração [Jr 49:16]; endurecimento da mente para a verdade [Dn 5:20]; produção da inimizade [Pv 13:10]; leva à auto-destruição [Pv 16:18; 2 Sm 17:23]; esgota as energias, porque o esforço de manter o orgulho é demasiado difícil para ostentá-lo de forma permanente [Sl 131]. A Palavra de Deus diz que ele resite ao soberbo [Tg 4:6].A cura para o orgulho não está na maturidade obtida com os anos. Não é o acúmulo de conhecimento, ou de experiências que lhe habilitará vencer o seu orgulho, mas apenas o quebrantamento produzido pelo Espírito do Senhor. A Escritura Sagrada ordena-nos humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará [Tg 4:10].
QUE DEUS NOS ABENÇOE !

segunda-feira, dezembro 18, 2006

OS TREIS ENCONTROS


O texto para nossa reflexão encontra-se em João, capítulo 9; é chamado de “A Cura do Cego de Nascença”, mas bem poderia ser conhecido como “Os 3 Encontros com Jesus”.
O primeiro deles foi um encontro prático. Foi a curiosidade dos discípulos que encaminhou este encontro. Em Israel e, mesmo fora dele, sempre se imaginou uma relação de causa-e-efeito muito simplista; de duas, uma: este homem era cego por causa do seu próprio pecado, ou por causa do pecado de seus pais. Jesus rompeu com este modo de pensar e afirmou: “nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (v. 3). Ato contínuo, fez lodo com terra e saliva, aplicou aos olhos do cego, que se dirigiu ao Tanque Siloé. Resultado? O resultado é que ele passou a enxergar.
Literalmente, sua vida se transformou num piscar de olhos. Agora poderia ver as pessoas, distinguí-las, observar a natureza, encantar-se com as cores. Um novo mundo se abria para ele. Além de cego, era um mendigo. Doravante, poderia ter uma digna ocupação. Realmente, este encontro foi muito prático e vantajoso para o cego, cujo nome nem sabemos. Porém, isto não significou verdadeiro e profundo encontro com Cristo. Quando perguntado a respeito de quem havia operado este milagre, ele, apenas, responde que nem sabia onde ele se encontrava (v. 12).
Muitos têm um encontro desta natureza com o Senhor Deus. Trata-se de um encontro que resolve problemas, geralmente do tipo saúde, dinheiro, vida afetiva e coisas semelhantes. Mas não passa disto. Neste caso, Jesus é um grande “quebra-galhos”.
Surpreendentemente, o que fora cego, agora se vê diante da iminência de um 2º encontro com Cristo, que nós vamos chamadar de encontro religioso. Na verdade, nem foi um encontro pessoal com Cristo. Mas sem o querer, ele se viu num grande debate teológico e doutrinário a respeito de Cristo, a ponto de fazer um pronunciamento que calou os fariseus (v. 13-34).
Encontros como este, também, são muito comuns. Do contrário, não existiriam tantas igrejas, para tantos gostos. Basta uma ligeira discordância e, repentinamente, surge um novo grupo. E os que militam nesta vertente podem fazer prolongados discursos sobre o seu ponto de vista, sem que isto se reflita numa mudança radical de vida.Finalmente, vamos observar o 3º e definitivo encontro com Cristo. Poderíamos chamá-lo de encontro de salvação, de redenção, mas o próprio texto sugere um termo mais simples. Foi o encontro da fé. Neste momento, Jesus aborda o que fora cego com a seguinte questão: “crês tu no Filho do homem?” (v. 35); ao que ele indaga: “e quem é ele para que eu deposite a minha confiança nele?” (v. 36). Neste ponto, Jesus se revela de modo bem claro: “já o tens visto e é o que fala contigo”. A resposta definitiva vem nesta simples expressão: “creio, Senhor” (v. 38).
O objeto de nossa fé não são as circunstâncias: se positivas, então, cremos, caso contrário, não podemos professar tal fé. Não direcionamos a nossa fé a pessoas ou instituições. Nossa fé está posta no Senhor Jesus, haja o que houver. Tal fé vai provocar uma atitude de constante adoração a Jesus (v. 38) e um caminho sempre iluminado (v. 39-41), pelo qual devemos andar.
Que encontros já tivemos com Cristo? Em qual encontro nos achamos estacionados? É mister avançar para o pleno e decisivo encontro, que salva e redime e nos faz andar em novidade de vida, para a honra e a glória do nosso Deus.
QUE DEUS NOS ABENÇOE !

quinta-feira, dezembro 14, 2006

SE TODOS OS DIAS FOSSEM COMO O NATAL

"A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria”. (Mt 2.10)

Imagino a sensação daqueles magos ao contemplarem a estrela que apontava para o oriente, onde algo de extraordinário havia acontecido, e que mudaria a história. A recomendação do rei Herodes Antipas era para que eles fossem até o local onde estava o menino, o reconhecessem e depois voltassem com as indicativas do caminho para que, posteriormente, ele também pudesse ir e “adorá-lo” (Mt. 2:8). Mas a estrela parece ter “aberto os olhos” daqueles magos em todos os sentidos: quanto aos intentos malévolos de Herodes (o que na verdade foi-lhes revelado em sonho), para uma realidade maravilhosa que estava por vir, jamais antes experimentada pela humanidade, para o próprio Deus encarnado em uma criança recém-nascida. Naquele momento parece ter havido uma mudança de sentido, uma conversão de motivações e emoções. A curiosidade transformou-se em certeza, e o vazio foi preenchido por uma “profunda alegria”.Natal é tempo de mutações. Não apenas as cidades ficam mais bonitas e coloridas, com suas agitações típicas e decorações peculiares, mas o comportamento das pessoas também parece mudar. Ainda que por pouco tempo, a fraternidade substitui o individualismo, a solidariedade toma o posto da indiferença, a superficialidade e fugacidade que marcam a vida nos grandes centros dão lugar à generosidade, à compreensão e ao amor. “Reconciliação” seria a palavra exata para expressar tudo o que estou dizendo. Não seria este o “espírito do natal” de que tanto se fala? Ora, não me refiro aqui ao “espírito” consumista que contagia as pessoas nesta época, nem tampouco aos presentes, árvore de natal ou Papai Noel. É inegável que tudo isso influencia e muito. Mas ao que verdadeiramente faz do natal um tempo diferente: Jesus.Ah, e se todos os dias fossem como o natal? Se Jesus deixasse de ser apenas um símbolo guardado na memória, de quem nos lembramos por conveniência, como quem tira um coelho da cartola, apenas em datas comemorativas do calendário “cristão”, passando a ser o referencial de vida de todas as pessoas que o apontam como o “verdadeiro sentido do natal”, todos os dias do ano? Então poderíamos finalmente viver o natal como é para ser vivido, todos os dias, como um interminável “tempo de bençãos”, como uma estrela sempre presente no céu a brilhar, nos lembrando de que o Emanuel permanece conosco, enchendo-nos de paz e alegria, transformando-nos para que transformemos este mundo, e produzamos frutos “dignos de arrependimento”, trazendo de volta à vida aqueles a quem Ele quer bem.

LÂMPADAS ACESAS

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5:16).

Já estamos no mês de dezembro, época em que as residências, os centros comerciais e as ruas estão decorados com motivos natalinos. Em meio a tantos enfeites, o que mais sobressai são as luzes: pisca-piscas, estrelas, velas, dentre outros objetos que podem ser apreciados, mesmo a distância. São emissores de iluminação artificial, que podem ser ligados ou desligados com um simples toque no botão. É um atrativo que enche os nossos olhos, podendo até nos causar um certo impacto emocional, mas que não se estende por mais que um mês; afinal o mês de janeiro já está ali, para mostrar que um novo ano de lutas começará. De qualquer forma, tais luzes são muito bonitas de se ver, mas se restringem aos nossos olhos, não tendo nenhum poder para mudar nossas atitudes.O Natal ficaria mais bonito se as luzes internas das pessoas estivessem mais ofuscantes que as luzes externas, se o foco estivesse em servir Deus e ao próximo e não ficar esperando ser servido por eles; se as pessoas não se importassem em fazer algo para receber elogios, mas sim que tivessem prazer em satisfazer as necessidades dos outros, mesmo não recebendo absolutamente nada em troca. O amor pregado por Jesus é aquele que nos leva a tomar a iniciativa de sermos luz no mundo, independentemente do retorno que venhamos a ter.
Também aniquilaríamos a hipocrisia se as nossas lâmpadas internas permanecessem acesas durante todo o ano, expressando com autoridade o nosso título de Filhos de Deus. Sendo frios ou mornos (Ap. 3:15-16), instáveis entre a vontade de Deus e os desejos da carne, não há como as pessoas reconhecerem o Natal dentro de nós. Jesus não comemora seu nascimento para sair de cena logo em seguida. Ele vem para ficar e exige que seus filhos participem do seu Reino ativamente, o tempo todo. Não dá para buscarmos uma “purificação espiritual”, no mês em que a solidariedade aflora em muitas comunidades do mundo, e logo em seguida apagarmos nossas lâmpadas internas e aguardarmos até o fim do próximo ano.
É tempo de verificar o estado de nossas lâmpadas internas, de ver se estão queimadas ou se apenas é necessário apertar o botão para acendê-las. É hora de buscar, em Deus, a iluminação do nosso interior para que possamos de fato iluminar o exterior. Deus quer tratar o nosso caráter cristão, quer ver nossa mudança de atitudes. E não somente no mês de dezembro, afinal, Deus e nosso próximo contam conosco por todo o ano.

QUE DEUS NOS ABENÇOE !


terça-feira, dezembro 12, 2006

O MENINO E A MANJEDOURA

Quando lemos na palavra de Deus sobre o nascimento do Rei da Glória, Jesus Cristo nos deparamos com um paradoxo: O Senhor da Vida nasce e descansa, envolto em panos, numa simples manjedoura. Aquele que tudo criou descansa agora não em um berço de ouro situado em um quarto imenso e de luxo, mas em um local utilizado para colocarem alimento para animais, uma manjedoura de madeira.
Qual é o significado do menino Jesus descansando naquela manjedoura? O significado é maravilhoso demais para todos nós. A humanidade toda deveria ser alcançada com a mensagem do Natal de Cristo. Deus vem até nós em Jesus e nos encontra em nossa realidade. Esse é o grande significado daquele menino na manjedoura: Deus vem ao nosso encontro, onde estamos, no nosso dia a dia, em meio as nossas dores, sofrimentos, angústias, desprezo, injustiças, tudo isso para nos redimir e nos comprar para si.
Deus, em Jesus, não vem para uma humanidade utópica, idealizada, mas para homens e mulheres reais. É numa manjedoura de madeira que ele nos encontra e não em um berço de ouro. A realidade da humanidade não está no engano do luxo ou daquelas coisas que possam desviar nossas mentes do fato real de que todos precisam desesperadamente de Deus. Desde o seu nascimento Jesus nos revela um Deus que entra em nossa realidade de dor e sofrimento para nos levar para a sua realidade de vida abundante, plena e eterna.Jesus começa sua vida na manjedoura de madeira e, no fim, a entrega ao Pai também pendurado no madeiro, na cruz. Ele nos revela um Deus que se faz maldito, entrando na realidade dos malditos. Que se faz desprezado, entrando na realidade dos desprezados. Que sofre a injustiça dos injustiçados. Que chora a dor dos enfermos. Ele se fez maldito em nosso lugar para que fossemos dignificados pela nova vida ofertada em Cristo, ou seja, nossa adoção como filhos e filhas do Eterno.
A verdade é: o Deus de amor não poderia ter descansado em outro lugar a não ser naquela manjedoura. É lá que ele nos encontra com todas nossas feridas e dores e, dessa forma, com o seu toque abençoador, nos cura eternamente. A manjedoura já é o princípio da cruz, da humilhação do Deus que nos ama e quer nos salvar. A cruz, historicamente falando, não acontece simplesmente no Calvário, mas desde o nascimento daquele pequenino menino. O Natal representa o início histórico da nossa salvação.
A manjedoura em si não é nada mais do que um amontoado de madeira e pregos para alimentar os animais. Sua importância está naquele que nela descansou. Jesus, na sua simplicidade e humilhação, nos revela um Deus que nos ama verdadeiramente e está conosco em nossas lutas e tribulações. Nos Revela um Deus presente, conosco, o Emanuel. Ver, pela fé, aquele menino na manjedoura é ver, pela fé, Deus presente em nossas vidas.
Aquele menino na manjedoura está nos dizendo sem palavra alguma: enquanto vocês não provam da salvação plena de Deus eu estou convosco. Enquanto a morte, a dor, o sofrimento e a injustiça não se tornam passado, ou seja, deixam de existir eternamente, Deus está com vocês, na sua realidade. Hoje o nosso coração é a manjedoura onde o menino Jesus quer descansar para assim nos trazer a paz e a vida de Deus. Talvez você pense: meu coração não é digno de receber esse menino. A resposta de Jesus a você é: aquela manjedoura também não era digna de mim, mas por amor a você descansei nela. Fiz isso para te trazer para perto de mim. A manjedoura do seu coração, certamente, não é perfeita nem digna de mim também, mas quero descansar nela para estar perto de você e você de mim. Quero descansar no seu coração para te envolver com minha vida, amor e graça. Quero estar presente com você em suas alegrias e vitórias, mas também nas suas lutas e derrotas. Quero rir com você, mas também quero estar com você em seu choro e sofrimento. Enquanto a vitória da ressurreição não te alcança de forma plena, eu quero estar com você.
Essa é a mensagem do Filho de Deus que descansou naquela manjedoura. O mundo deve saber dessa história. Resta-me fazer-te ainda uma pergunta: o seu coração já é descanso para esse menino? Entregue seu coração a ele, deixe esse Deus maravilhoso que, na simplicidade da manjedoura, lhe diz: amo-te, quero ser o seu Deus e Salvador.

segunda-feira, dezembro 11, 2006


O MAIOR DOS DESAFIOS PARA A VIDA DO SER HUMANO
Mateus 6-19:21

INTRODUÇÃO
É natal! E daí? Alguém pode perguntar. “Um natal a mais, um natal a menos, que diferença isto faz?”
“Isto é apenas um motivo para aumentar a venda no comércio, não existe mais o verdadeiro sentido do natal”, pode alguém comentar.
O desafio para nós que cremos em Deus é resgatar o verdadeiro propósito do natal. É resgatar para os dias atuais, a verdadeira motivação que levou Deus a irromper na história da humanidade, para mudá-la, para transformá-la, dando a ela uma esperança concreta de salvação e redenção.

Natal é investir em vidas
Natal é crer e investir no Reino de Deus
Natal é deixar-se levar pelos valores divinos
Natal é descortinar um horizonte mais amplo do que aquele visto pelos olhos humanos
É sobre isto que eu quero falar a vocês nesta mensagem.

1. UMA HUMANIDADE EMPOBRECIDA PELO PECADO
- Estávamos mortos nos nossos delitos e pecados.
- Cada um se desviava pelo seu caminho.
- Não havia mais limites ou barreiras que o ser humano respeitasse.

2. UM DEUS RICO EXEMPLIFICA O AMOR
- 2 Co 8.9 - “Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza vos tornásseis ricos.”- Isaías 55. 7 - “O nosso Deus é rico em perdoar.”
- Efésios 2.4-5 - “Mas Deus sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo.”
- Aqui está a verdadeira história do Natal, que não tem sido contada: Um Deus rico empobrece-se a si mesmo para que a humanidade pudesse readquirir o verdadeiro propósito da vida.
Assim sendo, concluímos que NATAL é investir em vidas.

3. O NOSSO DESAFIO NÃO É SOMENTE REDESCOBRIR O SENTIDO DO NATAL, MAS IMITAR AQUELE QUE NOS DEU O NATAL.
- O texto lido aparentemente não tem nada a ver com o natal. Mero engano, pois ele resume tudo o que o Natal realmente é. Deixe-me ajudá-lo a entender isto numa breve análise destas palavras de Jesus.
( 1 ) Jesus menciona sobre somente dois lugares possíveis para ajuntar bens e riquezas: terra e céu.
- na terra, adverte ele, esses bens vão se acabar, pois eles são de natureza essencialmente perecíveis. É portanto um absurdo, no pensar de Jesus, que alguém ocupe toda a sua vida, energia, disposição, tempo, para acumular coisas que vão se acabar.
- no céu, ensina Jesus, os bens e tesouros acumulados não vão sofrer dos problemas que atingem os bens terrenos. Estes bens estão a espera dos seus donos.
( 2 ) Jesus ensina uma lição preciosa: onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. Lutero: Onde está o teu coração está o teu Deus. - Existe aqui uma ação/reação: Onde está o teu tesouro está o teu coração. Onde está o coração está o tesouro.
- Aqui está o real desafio do ser humano: descobrir para qual lugar (terra/céu) o coração se inclina e passar a investir naquele lugar.- Nós já vimos exemplo no próprio Deus: o seu coração estava comprometido com o ser humano, e ele investiu o seu único Filho para mostrar a seriedade do seu compromisso.

( a ) Conde Nícolas Zinzendorf ( 1700-1760 ) - Homem rico, formado em Direito, que vendo a necessidade de irmãos que eram perseguidos por causa da piedade, compra uma fazenda e a torna em lugar de refúgio. Os seguidores de Zinzendorf foram os mais ativos missionários que a história jamais conheceu, alguns deles se fizeram escravos para evangelizar os escravos.
( b ) Francisco de Assis ( 1761-1834 ) - Membro de uma família rica, vivendo frugalmente, até que tem uma experiência em Roma de viver por um dia como mendigo. Noutra ocasião abraçou um leproso. Mais tarde faz uma generosa oferta para reparar a igreja da sua cidade. Foi deserdado pelo pai. Funda a Ordem dos Franciscanos, levando até às ultimas conseqüências o voto de pobreza que assumiu.
( c ) William Carey ( 1761 - 1834 ) - Pregador e professor durante o dia, sapateiro durante a noite. Sem ir a escola aprendeu o Grego, Hebraico, Latim, Holandês e Francês. Desenhou o mapa do mundo em couros, apontando lugares onde os povos precisavam do evangelho. Em 1792 foi para a Índia, onde aprendeu o Sânscrito, Bengales, Marathi, Telugu e Botani. Foi instrumento em abolir o “sutee”, ritual Hindu que cremava a viuva junto com o caixão de enterro do marido.
- Estas pessoas se fizeram semelhantes a Deus e investiram naquilo que mais agrada a Deus - a redenção do ser humano.
- Elas ajuntaram tesouros no céu. E nós podemos imaginar a recepção que elas tiveram no reino celestial, quando puderam contemplar todas as pessoas que ouviram o evangelho através de algo que fizeram.

CONCLUSÃO
- Nós vivemos numa época sem precedentes na história da humanidade.
- Existe uma grande sede pela palavra do Senhor
- O que Deus quer agora é pessoas que entendam o que significa NATAL e invistam no reino.
- Onde está o teu tesouro aí estará também o teu coração.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

A FAMÍLIA

Um dos programas que gosto de assistir na televisão, em tempos de muita dificuldade para selecionar um bom programa, é “A Grande Família”, da Rede Globo. Me divirto muito com as dificuldades que eles criam nos relacionamentos, todos marcados por um tom de brincadeira. Isso não significa que aprovo todas as mensagens que nos transmitem, nem mesmo o padrão daquela família, mas não é muito divertido quando olhamos para a realidade de muitas famílias que não conseguem manter um nível de relacionamentos saudáveis em função de dificuldades financeiras, morar junto com os pais, os conflitos de geração, entre outros?Você já deve ter ouvido dizer que a família tem sofrido muitas mudanças e hoje já não temos um padrão definido do que vem a ser uma família.
Isso, para muitos, é sinônimo de amadurecimento e para outros é um sinal dos tempos, uma tragédia.Não sei qual é sua opinião, mas penso que é oportuno lembrar o conselho do Salmo 127.1:“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela”.Acredito que a cada geração, a família está ficando mais isolada, os seus membros estão ficando mais distantes um do outro, os interesses estão mais individualizados e até mesmo Deus não tem sido convidado para ajudar na edificação do lar. Talvez aí encontremos uma resposta para tantos modelos de “famílias” que surgem de acordo com o que cada um pensa ser o melhor para si.
Nós, como igreja, ainda acreditamos na família constituída por duas pessoas de sexo oposto que se amam, que geram seus filhos/as e que buscam na Palavra de Deus orientações para uma convivência saudável um com o outro, com a sociedade e com Deus. Cremos que na fé revelada desde os dias de Abraão poderão ser benditas todas as famílias da terra.
QUE DEUS O ABENÇOE !

quinta-feira, dezembro 07, 2006

EU AS MINHAS LEIS



Deus deu a Lei a Moisés. Mas todo homem tem suas próprias leis.

Paulo diz que a Lei é, em si, boa. Sendo preocupante apenas para os transgressores.

No entanto, ele mesmo diz que todos somos transgressores da Lei de Deus, ainda que alguns de nós sejamos irrepreensíveis perante a lei dos homens.

As leis do homem são as piores leis, mas são cheias de justiça própria. E aqui não me refiro aos Códigos Penais, mas sim às leis interiores que todos temos.

Tais leis se manifestam sob os mantos de afirmações como “eu sou assim”; ou, mais sofisticadamente, “esta é minha constituição”.

Assim guerreia o homem contra Deus, e diz que a Lei de Deus é ruim, enquanto pratica suas próprias leis.

Deus diz: “Eu sou o Senhor teu Deus...” O homem diz: “Eu existo!”

Deus diz: “Não farás para ti imagens de escultura”. O homem diz: “Eu sou a minha imagem!”

Deus diz: “Descansa no sétimo dia”. O homem diz: “Meu descanso é meu!”

Deus diz: “Não tomes meu nome em vão!” O homem diz: “Meu nome é tudo o que tenho!”

Deus diz: “Honra teu pai e mãe!” O homem diz: “Sou honrado!”

Deus diz: “Não matarás!” O homem diz: “Pelo meu nome e honra, eu mato!”

Deus diz: “Não darás falso testemunho!” O homem diz: “Eu digo o que eu quero!”


Deus diz: “Não adulterarás!” O homem diz: “Eu me apaixonei!”

Deus diz: “Não cobiçarás!” O homem diz: “Eu tenho o direito de ter!”


Sim, no curso de minha existência fui percebendo que as piores leis eram e são as minhas. De súbito, um dia meus olhos se abriram, e eu vi o quão cheio de leis eu era e sou. Só que tais leis minhas, não são leis de vida, mas de morte. Eu as chamo de coragem, de dignidade, de altivez, de honra, de autenticidade, de intrepidez, de transparência, de vergonha na cara, de direitos pessoais, de “sangue nas veias”, de “não tenho sangue de barata”, ou de “sou filho do meu pai”.

Ora, é por tais leis que eu já briguei, já ataquei, já encarei, já me fiz homem, já me mostrei macho, já fiz o que quis, já exerci meu direito de ser eu mesmo; sempre provando que existo, mas sempre também trabalhando contra a minha própria vida, no ato de ser fiel às minhas próprias leis.

Assim, se ainda não fomos capazes de deixar para trás a Lei de Moisés, a qual já não é Lei para a vida, mas apenas para a morte, para a culpa, e ou para a hipocrisia das aparências — tendo sido abolida como meio e tentativa de salvação, na Cruz —; como seremos capazes de abdicar de nossas próprias leis?

Chamamos essas leis de “minha personalidade”, de “meu temperamento”, de “meu jeito de ser”, de “meu caráter”, de “minha verdade”, ou, ainda, de “minhas virtudes”.

Porém, todas elas, na maioria das vezes, são apenas as fortalezas de nossa inconversibilidade.

Nossas leis, na melhor versão delas, contém sempre o famoso “olho por olho e dente por dente”. É por essa razão que, emocional, psicológica e espiritualmente, estamos quase todos cegos e banguelas.

Sim, geralmente são essas nossas leis que nos impedem de experimentar a conversão de nosso ser como transformação cotidiana de nosso entendimento à razão de Deus, que é o Evangelho.

“Negar a si mesmo” é abdicar dessas leis.

“Tomar a sua cruz” é render-se ao entendimento do Evangelho.

E “siga-me” é apenas “siga-me” mesmo.

O caminho do discípulo não começa jamais antes dessa persuasão tomar conta de seu coração.
QUE DEUS O ABENÇOE !

quarta-feira, dezembro 06, 2006

O NATAL ESTÁ CHEGANDO

As luzes coloridas da cidade apontam para a chegada de mais um natal. A rotina das festas está para começar. A lista de presentes, o cardápio do banquete natalino, o roteiro das festas e viagens. Parece que todo ano é sempre a mesma coisa e que todos os natais são iguais. O que poderíamos fazer para tornar este natal diferente? Que alternativas temos para celebrar o nascimento de Cristo de forma significativa e profunda? Algumas propostas para a celebração do natal:

1. Faça uma lista de várias bênçãos que você recebeu de Deus durante o ano de 2006. Enumere algumas delas.

2. Reúna neste natal as pessoas que você gosta e faça das celebrações um momento de louvor e gratidão a Deus. Conte para essas pessoas as bênçãos que você recebeu do Pai Amado.

3. Compartilhe com quem não tem nada alguma das muitas coisas que você tem. Tanto pode ser algo material como também um abraço, uma oração.

4. Convide alguma pessoa que não tem família em Londrina para passar algumas horas com você.

5. Compre um presente para uma criança carente e reparta um pouco de alegria com estes pequeninos.

Certamente você deve ter outras idéias para este natal, todavia, a minha sugestão é que você não faça do natal uma festa que não tenha nenhuma semelhança com o natal de Cristo. Você deve estar lembrado que o primeiro natal teve início numa manjedoura muito simples e que foi ali que o Salvador do mundo nasceu. Ele não nasceu em nenhum palácio e nenhuma grande festa foi dada em honra ao Rei que nascia. Natal é Cristo em nós, a esperança da glória. Este é o desafio que temos para refletir durante o mês de dezembro: abrir o coração e permitir que a paz de Deus controle todo o nosso ser e que não sejamos engodados pela luxúria deste mundo.

terça-feira, dezembro 05, 2006

JESUS ENTRE OS AMEDRONTADOS


Já estamos vivendo, neste último mês do ano, no clima do Natal quando celebramos o grande evento da encarnação, assim resumido por João, o evangelista: "A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós, cheia de amor e de verdade"(João 1.14 - NTLH).

O Filho de Deus, Verbo feito carne, mesmo depois da sua morte não nos deixou órfãos, mas veio, com o Pai, habitar no coração de cada um de nós através do Espírito Santo. Dessa forma ele cumpre a promessa de estar conosco todos os dias até o fim dos tempos. Isto significa que ele está entre nós em qualquer situação.
No domingo da ressurreição, à tarde, os discípulos estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus, quando Jesus colocou-se entre eles e disse: "que a paz esteja com vocês" (João 20.19 - NTLH). Esses discípulos estavam perplexos diante de tudo o que havia acontecido. Eles esperavam que Jesus fosse o Messias que devia restaurar o reino de Israel, mas o Mestre havia sido preso, torturado, morto e sepultado. Apesar das predições, tinham dificuldade para acreditar na ressurreição. Daí a razão da perplexidade, do desânimo, do desencanto, do medo.
O texto de João 20.19-22 mostra como a consciência da presença de Jesus entre eles trouxe paz (20.19), alegria (20.20), propósito através da missão (20.21) e dinâmica (20.22). Fortalecidos pela presença, palavras e ações de Jesus, eles permaneceram em Jerusalém até que foram revestidos com o poder do alto (Lucas 24.49, Atos 1.4-5, 2.1-4).
A partir do Pentecoste, todos os que crêem são batizados, em um só Espírito, no corpo de Cristo, e passam a desfrutar a presença de Jesus não só em seus corações, mas na comunhão dos santos. Jesus está em cada um de nós e entre nós. A consciência da presença permanente de Jesus destrói todo o medo e nos traz paz, alegria, vida com propósito e poder para uma vida abundante e vitoriosa.

UMA ANALISE DAS CARACTERISTICAS DA VERDADEIRA IGREJA

Onde pode ser encontrada hoje a igreja verdadeira e quais os seus aspectos essenciais? Em primeiro lugar devemos distinguir os vários significados da palavra igreja:Todo o povo de Deus em todos os séculos, o conjunto total dos eleitos. Os Reformadores falaram disto como sendo a igreja invisível.A comunidade local dos cristãos, reunidos visivelmente para adoração e ministério; este significado abrange a vasta maioria das referências à igreja (ekklesia) do Novo Testamento.Todo o povo de Deus no mundo, em determinada época, talvez melhor definida como a igreja universal. Esse sentido ocorre apenas ocasionalmente no Novo Testamento (1 Co 10.32; Gl 1.13).
"A igreja dentro da igreja". Notamos antes a distinção feita entre a edah (toda a congregação visível) e os gahal (aqueles dentro dela que respondem ao chamado de Deus). Jesus ensinou que o reino corresponde a este padrão: o joio está misturado com o trigo (Mt 13.24-30; 36-43). Dentro do grupo identificado com Cristo acha-se o povo de Deus, a verdadeira igreja. Não existe, então, uma igreja pura; em meio a cada igreja pode haver pessoas que não professaram a sua fé e outras cuja profissão será desmascarada no último dia (Mt 7.21-23).
Admitindo-se assim que uma igreja pura ou perfeita não é possível deste lado da glória, onde podemos descobrir o verdadeiro povo de Deus visivelmente reunido? Tradicionalmente, são reconhecidos quatro sinais da igreja autêntica.

UNA
A unidade da igreja procede de seu fundamento do único Deus (Ef 4.1-6). Todos os que pertencem verdadeiramente à igreja são um só povo e, portanto, a igreja verdadeira será distinguida por sua unidade.
Esta unidade, porém, não implica necessariamente uniformidade total. Na igreja do Novo Testamento havia uma variedade de ministérios (1 Co 12.4-6) e de opiniões sobre assuntos de importância secundária (Rm 14:1-15:13). Embora houvesse uniformidade nas convicções teológicas básicas (1 Co 15.11, BLH; Jd 3), a fé comum recebia ênfases diversas, segundo as diferentes necessidades percebidas pelos apóstolos (Rm 3.20; cf. Tg 2.24; Fp 2.5-7; cf. Cl 2.9s).
Havia também uma variedade de formas de adoração. O tipo de culto em Corinto (1 Co 14.26ss) não era comum nas igrejas palestinas, onde a adoração se baseava no modelo da sinagoga judaica e tinha um padrão mais formal, centrado na exposição da palavra escrita. Este modelo tirado da sinagoga justifica o fato de as igrejas do primeiro século serem consideradas um ramo do judaísmo. Tiago 2.2 usa até mesmo a palavra sinagoga para a reunião dos cristãos. Existem também elementos discerníveis de mais de uma forma de governo da igreja.
A verdadeira unidade no Espírito Santo de todo o povo regenerado é um fato independente da desunião denominacional exterior. O chamado para a unidade no Novo Testamento é, portanto, uma ordem para manter a unicidade fundamental da vida que o Espírito concedeu através da regeneração (Ef 4.3). Os Reformadores salientaram este ponto, distinguindo entre a igreja invisível (todos os eleitos que são verdadeiramente um em Cristo) e a igreja visível (um grupo misto de regenerados e não-regenerados). A unidade da igreja invisível é um fato consumado, concedido com a salvação.
Roma tem usado este sinal de maneira polêmica, a fim de proclamar sua unidade, comparando-a à fragmentação do protestantismo, como uma evidência de ser a verdadeira igreja. Isto, no entanto, ignora três pontos: (i) A própria Roma separou-se da igreja ortodoxa em 1054, e jamais tinha sido considerada universalmente como a única igreja verdadeira em séculos anteriores; por exemplo, a igreja celta floresceu na Inglaterra, e Patrício fundou a igreja inglesa muito antes de os missionários romanos terem chegado a Inglaterra. (ii) Os sinais devem manter-se juntos. A sucessão histórica e a unidade exterior não têm validade quando não associadas à lealdade e ao evangelho apostólico. (iii) Embora o protestantismo tenha-se mostrado às vezes necessariamente desagregador, pode ser argumentado que, através de seu desvio da doutrina bíblica, é a própria Roma que tem sido a maior causa de cismas no correr dos séculos.
As Escrituras encorajam a mais plena expressão de unidade possível entre o povo de Deus, mas elas também tornam claro que a divisão acha-se perfeitamente de acordo com a vontade divina quando a essência do Cristianismo Apostólico estiver em risco. Esta foi a razão da discórdia entre Paulo e os judaizantes (Gl 1.6-12), e entre Jesus e os fariseus (Mc 7.1-13). É significativo notar que quando Judas pretendeu escrever sobre a salvação que temos em comum, ele achou necessário insistir com os leitores para "batalhar diligentemente pela fé que uma vez foi entregue aos santos" (Judas 3). Para o Novo Testamento, a unidade está baseada em um compromisso consciente com as verdades reveladas do Cristianismo Apostólico.
O Novo Testamento dirigiu seus ensinos sobre a unidade a grupos específicos, com implicações imediatas para seus relacionamentos visíveis (Ef 2.15; 4.4; Cl 3.15). Jesus orou pela unidade, que ajudaria o mundo a crer (João 17.21); embora o paralelo entre esta unidade e a dEle com o Pai (17.11,22) confirme o caráter essencialmente espiritual da unidade bíblica, esta certamente inclui identificação visível de vida e propósito, pois Jesus em toda a sua missão expressou uma união visível e demonstrável com o Pai. Em outras palavras, é preciso buscar uma unidade visível mais plena do que aquela que está sendo experimentada pelos que são fiéis ao evangelho apostólico.
Este fato tem especial importância quando dois ou mais grupos que têm uma fé bíblica estiverem operando na mesma área, como, por exemplo, em um campus universitário. O desafio mais profundo deste ensinamento, porém, situa-se ao nível dos relacionamentos na igreja local. Nesse ambiente, a unidade da vida em Cristo deve expressar-se através do cuidado e compromisso genuínos e tangíveis de uns para com os outros. Na ausência disto, a reivindicação de ser uma verdadeira igreja cristã é posta em dúvida (1 Co 3.3s).

SANTA
O povo de Deus forma a nação santa (1 Pe 2.9). No sentido mais profundo a igreja é santa, da mesma forma que todo indivíduo cristão é santo em virtude de estar unido a Cristo, separado para ele e revestido com sua justiça perfeita. Na sua posição diante de Deus em Cristo, a igreja é irrepreensível e isenta de qualquer mancha moral. A distinção entre a igreja visível e a invisível aplica-se aqui, desde que esta santidade imputada não pertence aos membros da igreja não confiam pessoalmente em Cristo como Salvador.
A união com Cristo envolve também uma santidade de vida que seja visível. Desse modo, a relação da igreja com Cristo, o seu cabeça, será expressa no caráter moral e nas características especiais de sua vida e de seus relacionamentos comunitários. A igreja alheia à santidade é alheia a Cristo. Quando Cristo dirigiu-se à sua igreja, ele esperava dela essa mesma diferença moral e foi severo em seu julgamento quando observou que ela lhes faltava (Ap 2.-3).
A fim de não desanimarmos ao aplicar este teste, vale a pena lembrar que grande parte da vida da igreja do Novo Testamento foi eivada de erros, divisões, falhas morais e instabilidade. Não obstante, a presença de um sinal visível de santidade é uma característica invariável da igreja de Deus.

CATÓLICA
O termo católico significa literalmente abrangendo ao todo. E em seu uso primitivo, significava ser a igreja universal, distinguindo-a da local; mais tarde, veio significar a igreja que professava a fé ortodoxa, em contraste com os hereges. Com o passar do tempo, Roma adotou o termo para referir-se a si mesma como instituição eclesiástica, centrada no papado, historicamente desenvolvida e geograficamente difundida. Os reformadores do século dezesseis procuraram restaurar o significado anterior da catolicidade, em termos do reconhecimento da fé ortodoxa; nesse sentido, argumentavam eles, a igreja católica era de fato eles e não Roma.
O principal aspecto da catolicidade da igreja primitiva estava na sua abertura para todos. Distinta do judaísmo, com seu exclusivismo racial, e do gnosticismo, com seu exclusivismo cultural e intelectual, a igreja abriu seus braços a todos que quisessem ouvir a mensagem e aceitar seu salvador, sem levar em conta cor, raça, posição social, capacidade intelectual e antecedentes morais. Ela surgiu no mundo como uma fé para todos (Mt 28.19; Ap 7.9). A única exigência para admissão era a fé pessoal em Jesus Cristo como Salvador e Senhor, com o batismo como o rito autorizado de entrada, porque manifestava o evangelho da graça (Mt 28.19; At 2.38,41).
É neste nível fundamental que esta característica (a de ser católica) deve ser entendida. As igrejas que exigem outros testes devem ser consideradas como suspeitas. Não existe lugar numa verdadeira igreja para a discriminação de qualquer tipo, seja racial, de cor, social, intelectual ou moral, neste último caso desde que haja evidência de verdadeira arrependimento. A discriminação denominacional também precisa ser examinada com cuidado nos casos em que as doutrinas fundamentais bíblicas sejam claramente reconhecidas.

APOSTÓLICA
O apóstolo é uma testemunha do ministério e da ressurreição de Jesus; é um arauto autorizado do evangelho (Lc 6.12s; At 1.21s; 1 Co 15.8-10). Os arautos tomam posição entre Jesus e todas as gerações subseqüentes da fé cristã; nós só nos achegamos a ele por meio dos apóstolos e de seu testemunho sobre ele, incorporado no Novo Testamento. Neste sentido fundamental, toda a igreja é "edificada sobre o fundamento dos apóstolos" (Ef 2.20; cf. Mt 16.18; Ap 21.14). A apostolicidade da igreja encontra-se, portanto, no fato de ela conformar-se à fé apostólica "que uma vez por todas foi entregue ao santos" (Jd 3; cf. At 2.42). Os apóstolos ainda governam e organizam a igreja na medida em que esta permite que sua vida, seu entendimento e sua pregação sejam constantemente reformados pelos ensinos das Sagradas Escrituras.
Desde que o apóstolo significa literalmente enviado, não é de surpreender que o Novo Testamento refira-se ocasionalmente a outros apóstolos (Rm 16.7). Neste sentido geral, todos os que são hoje enviados pelo Senhor como evangelistas, pregadores, iniciadores de igrejas, etc. são no grego do Novo Testamento, apostoloi, enviados. Isto não subentende de forma alguma que eles tenham uma posição de autoridade especial, competindo com a do grupo original cujo governo continua através das escrituras apostólicas. Reivindicar o cargo apostólico em nossos dias é compreender erradamente o ensino bíblico e oferece na prática um desafio grave com respeito à autoridade e finalidade da revelação divina do Novo Testamento.
É igualmente errado entender a apostolicidade como uma continuidade histórica do ministério, retrocedendo até Cristo e seus apóstolos através de uma sucessão de bispos. Esta interpretação não tem nenhum apoio bíblico. Toda noção da graça de Deus comunicada mediante uma sucessão histórica de dignatários da igreja contraria o caráter da própria graça, conforme os escritos bíblicos. Além disso, como garantia da verdade da mensagem apostólica, a sucessão episcopal evidentemente falhou. Foi uma igreja perfeitamente enquadrada nesta sucessão histórica que precisou da Reforma do século dezesseis, para não mencionar outras reformas menores, como o despertamento do século dezoito com Whitefield e os Wesleys.
O catolicismo romano estende esta interpretação de "apostólico" para incluir a reivindicação de que o Bispo de Roma é o sucessor histórico de Pedro e o guardião especial da graça de Deus na igreja. A alegação é insustentável. A primazia de Pedro entre os apóstolos não passou de uma clara liderança no período da primeira missão cristã. Ele claramente recuou para um segundo plano à medida que a igreja avançou fora de Jerusalém, sendo Paulo nomeado para liderar a missão fora da Palestina e quando João lutava para corrigir as igrejas prejudicadas pelos falsos mestres. É bem significante que Pedro não apareceu no papel principal no Concílio de Jerusalém (At 15), e que ficou claramente à sombra de Paulo no incidente registrado em Gálatas 2.
Roma alega ainda que esta suposta supremacia de Pedro deveria continuar para a salvação eterna e bem contínuo da igreja. Nenhum dos versículos citados como apoio escriturístico (Mt 16.18s; Jo 21.15-17 e Lc 22.32) faz qualquer referência a um sucessor de Pedro. Essas duas reivindicações romanas contrariam a evidência manifesta no Novo Testamento, e a terceira, de que a primazia de Pedro se estende ao bispo de Roma, é ainda menos digna de crédito. O fato de Pedro ter terminado sua vida como mártir em Roma é uma tradição primitiva que encontra apoio razoável; as dificuldades histórica, porém, para mostrar que houve uma sucessão estabelecida de bispos monárquicos de Roma, a partir do primeiro século, são intransponíveis.
A sucessão apostólica é na verdade a sucessão do evangelho apostólico, quando o depósito original de verdade apostólica é passado de uma para outra geração: "homens fiéis ... para instruir a outros" (2 Tm 2.2). A igreja é apostólica à medida que reconhece na prática a autoridade suprema das escrituras apostólicas.

OS SINAIS DOS REFORMADORES
Embora os Reformadores não pusessem de lado esses quatro sinais tradicionais, as controvérsias em que se viram envolvidos prenderam sua atenção em outras coisas. Eles identificaram duas características da igreja verdadeira e visível. "Onde quer que vejamos a Palavra de Deus pregada e ouvida em toda a sua pureza e os sacramentos ministrados segundo a instituição de Cristo, não há dúvida de que existe uma igreja de Deus" (João Calvino).
"A Palavra pregada em toda a sua pureza" trouxe à tona a supremacia do evangelho bíblico e forma precisamente nesse ponto que surgira a verdadeira ruptura com Roma. Atrás desta ênfase havia uma convicção quanto ao elo indissolúvel entre a Palavra escrita e o Espírito; pertencer à comunidade do Espírito iria necessariamente refletir a submissão à Palavra que o Espírito havia inspirado. Os Reformadores desconheciam qualquer Espírito que não levasse à Palavra; desconheciam qualquer amor por Deus que não estivesse ligado à fé e à verdade. O outro ponto em que discerniram a verdadeira igreja, os sacramentos, era também polêmico, já que foi no aspecto do ensino e da prática com relação aos sacramentos que os Reformadores viram a mais clara violação da religião bíblica por parte de Roma.
A existência de grupos cristãos (p. ex. o Exército da Salvação e a Sociedade dos Amigos) que não possuem sacramentos faz-nos hesitar quanto à afirmação de que os sacramentos são essenciais para que a igreja seja verdadeira. Não obstante, nosso Senhor claramente considerou o batismo como intimamente ligado à mensagem da igreja e à resposta humana a ela (Mt 28.19s), e a participação na Ceia como fundamental para a vida da igreja (Lc 22.19; 1 Co 11.24s).
Podemos generalizar esses sinais afirmando que o sinal supremo para os Reformadores era o próprio Cristo. Ele é o centro da Palavra e o cerne dos sacramentos.

A MISSÃO – UM SINAL AUSENTE?
Nas instruções de Jesus sobre a vida da igreja (Jo 13-16; Lc 10.1-20; At 1.1-8), encontramos um elemento não abordado nas características da igreja identificadas até agora, que é a missão: a responsabilidade de levar as boas novas de Jesus aos confins da Terra.
Existe certamente grande significado no fato de a história da igreja do Novo Testamento, o livro de Atos, Ter como seu tema principal a expansão sucessiva na pregação do evangelho: Jerusalém, Judéia, Samaria, e, em seguida, o mundo gentio (1.8; cf. 6.8s; 7; 8; 10.34-38; 11.19-26; 13.1ss). A igreja é missão talvez seja uma frase exagerada, mas em seu serviço total ao propósito e à glória de Deus, a missão é um ingrediente bíblico fundamental.
Assim sendo, uma igreja que não prega o evangelho não sente a responsabilidade pelo bem-estar moral e espiritual dos que a rodeiam, nem expressa interesse pelos pobres e necessitados onde quer que eles sejam encontrados, perdeu seu direito à autenticidade, constituindo-se numa negativa viva de seu Senhor.
Para resumir: a verdadeira igreja será reconhecida pela sua unidade nos relacionamentos, pela sua santidade de vida, pela sua abertura a todos, pela sua submissão à autoridade das escrituras, pela sua pregação de Cristo em palavras e sacramentos, e pelo seu compromisso com a missão.

4º ESTUDO DO EVANGELHO DE MARCOS

O Evangelho de Marcos – cap.14. 43 NVI)

(14.43) Enquanto Ele ainda falava, apareceu Judas, um dos Doze.

Os relatos a partir desse momento são fragmentados. Enquanto a prisão de Jesus aconteceu rapidamente e no meio de uma confusão geral, os acontecimentos posteriores, como interrogatórios e julgamento, carecem de testemunhas de dentro do círculo dos discípulos. Fatos isolados, relatados ou lembrados por pessoas, que mais tarde se tornaram cristãs, montaram a história como a temos nos quatro evangelhos. Por essa razão há notáveis diferenças nos quatro relatos quanto ao que realmente aconteceu naquela noite. O evangelho de Marcos, como o mais antigo e o de João nos parecem ser os mais exatos. No relato de Marcos (Pedro) há lacunas, momentos dos quais o evangelista não dispunha de informações. O evangelho de João muitas vezes nos ajuda a preenchê-las. É nos relatos da paixão que os vestígios da tradição da Igreja aparecem mais nitidamente. Percebemos evoluções na compreensão daquilo que transformou o mundo, abrindo o Reino de Deus a nós, que estávamos longe dele. Nós, os gentios.

(14.43) Enquanto Ele ainda falava, apareceu Judas, um dos Doze. O exemplo mais dramático de como a tradição consegue influenciar a crença é a pessoa de Judas. Depois da prisão de Jesus, ele não mais aparece no evangelho de Marcos, desaparecendo assim na escuridão da história. De lá para cá, sua imagem foi-se mudando ano a ano para pior. No evangelho de Mateus, posterior ao de Marcos, ele já apareceu com o título de “ávido por dinheiro que finalmente se enforcou” (26.14 e 27.3-10). Em Lucas é apresentado como “traidor possesso pelo diabo” (6.16 e 22.3) e em Atos “sofre uma morte horrível e acaba no inferno” (1.16-20/25). No Evangelho de João, escrito mais tarde ainda, é chamado de “diabo e ladrão”, que traiu o mestre por dinheiro (6.70 e 12.6). Pelos anos 120/130, Papias, um dos pais da Igreja, apresentou nos seus escritos Judas como exemplo supremo do “homem da perdição”, cujo cadáver, quando esticado no chão, cheirava tão mal que ninguém podia passar por perto sem tampar o nariz”. Como se tornou possível que esse discípulo, que andou durante três anos com seu Senhor, acabou sendo amaldiçoado e lembrado dessa forma?
Os primeiros cristãos, historicamente tão perto do martírio de Jesus, não conseguiam aceitar o fato da traição por alguém em que o Mestre confiava. A traição despertava nos primeiros cristãos as emoções e os sentimentos que hoje vemos espelhados nos escritos, quando se referem a Judas. Não somos melhores do que eles, que, pelo menos ficaram profundamente revoltados. A traição de Jesus simplesmente não nos comove como antigamente o fez. O que é pior?

Até hoje, a pessoa de Judas continua envolta em mistério. O movimento gnóstico dos primeiros séculos procurava justificá-lo, criando uma realidade espiritual atrás daquela que Jesus anunciava. A essa Judas teria servido. O “Evangelho de Judas”, recém-descoberto, sem valor histórico, é um exemplo dessa interpretação fantasiosa. Na procura do verdadeiro Judas e da motivação para seu ato tampouco ajudam a carimbá-lo simplesmente como ladrão, que por dinheiro vendeu seu mestre. Tão simples não é! Havemos de procurar mais a fundo.

Primeiro devemos entender em que consistia a tal “traição”. Parece que Judas se dispôs a informar as autoridades religiosas a respeito de hora e lugar onde podiam prender Jesus sem que houvesse tumulto, e “sem que a multidão estivesse presente” (Luc.22.6). A cidade estava repleta de peregrinos e qualquer ação mal-sucedida, como confusão ou engano quanto à pessoa aprisionada, podia desencadear desordem e perigo para o clero, pois os militares romanos estavam de prontidão por causa da festa.
Na pergunta a respeito do “por que” mergulhamos mais fundo. Judas certamente não era um “espião” infiltrado no grupo dos Doze, como já fora sugerido. Tudo indica que ele se juntou aos muitos seguidores (de entre os quais mais tarde foi convidado para fazer parte dos Doze) vindo da remota vila de Kerijot-Hezron ao sul de Hebron. Todos os demais discípulos eram galileus, vindo da região onde Jesus iniciou seu ministério. Judas como único “não-galileu” veio de longe, o que prova que seu anseio pela nova mensagem era verdadeiro. Parece que foi exatamente esse anseio pela concretização do Reino de Deus que o levou à ruína.

A partir das declarações de Jesus quanto ao sofrimento que O aguardava, Judas viveu uma profunda e crescente decepção para com o seu Mestre. Talvez ainda tivesse chegado à Jerusalém na expectativa da imediata e poderosa revelação desse Reino, mas para seu desencanto teve que constatar que, a partir da purificação do Templo, tudo apontava para catástrofe e fim. A alguma altura, quem sabe já enquanto na Galiléia, talvez somente em Jerusalém, Judas entrou em contato com as autoridades religiosas. Por João (11.45-57) sabemos que essas, quando ouviram os relatos da ressurreição de um morto por Jesus (Lázaro) e que chegaram a causar espanto em Jerusalém, editaram um decreto que obrigava cada judeu fiel a denunciar o paradeiro de Jesus. Da mesma forma os decretos papais durante o longo período da Inquisição obrigavam os fiéis a denunciarem hereges, mesmo se da própria família. Assim Judas se via entre sua crescente decepção como o “projeto do Reino” e sua obrigação como fiel judeu perante as autoridades religiosas. No seu íntimo havia optado por, na hora oportuna, entregar seu Mestre.
A gota d’água foi o incidente na casa de Maria em Betânia (veja Marcos 14.10,11). Ali Jesus havia declarado, quando ungido por uma mulher, considerar o ato como sua “preparação para o sepultamento”. Sepultamento? Fora essa a visão do seu mestre? Daí em diante, para Judas era somente uma questão de tempo e oportunidade de pular do barco e pôr fim a esse “movimento fracassado”.

Caso seja essa a interpretação correta, como a maioria dos comentaristas aposta, a história de Judas é uma tragédia. Tragédia de um homem cujo projeto de vida ruiu. Enquanto os demais discípulos, embora desorientados, continuavam fiéis a seu Mestre, Judas era radical. Alguns levantam a hipótese de que Judas, com sua ação, queria forçar Jesus a mostrar poder, quase obrigá-lo a revelar quem era, trazendo o Reino “agora e já”.

Mateus sabe de um posterior remorso de Judas, quando ele percebeu seu erro, o que só aumentou a sua tragédia (Mateus 27.1-10).

Seja como for, quem somos nós para julgar a esse homem e mandá-lo para o inferno? A nossa história brasileira conhece muitos que se escandalizaram com Cristo, pois não O entenderam. Hoje, grandes personalidades, jornalistas de rádio e TV contam prazerosamente como “um dia estavam perto do Evangelho”, mas, devido “ao que viram e viveram”, chegaram a escandalizar-se com Cristo e hoje O desprezam e disso ainda se gabam, bem ao contrário de Judas.

Você que lê, se você está seguindo a Jesus, peça que Ele o(a) mantenha fiel. Você sozinho corre perigo de vida, se continuar julgando somente pelo que você consegue ver e sentir: bênçãos, revelações, provas. Dê liberdade a Jesus para usar tudo quanto lhe ocorrer para seu bem eterno!

QUE DEUS OS ABENÇOE !

sexta-feira, dezembro 01, 2006

3º ESTUDO DO EVANGELHO DE MARCOS

O Evangelho de Marcos – cap.14. 32-42 NVI)

(14.32) Então foram para um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse aos seus discípulos: “Sentem-se aqui enquanto vou orar”. (33) Levou consigo Pedro,Tiago e João, e começou a ficar aflito e angustiado. (34) E lhes disse: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem”. (35) Indo um pouco mais adiante, prostrou-se e orava para que, se possível, fosse afastada dele aquela hora. (36) E dizia: “Abba,Pai, tudo te é possível. Afaste de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres”. (37) Então, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. “Simão”, disse Ele a Pedro, “você está dormindo? Não pode vigiar nem por uma hora? (38) Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O Espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (39) Mais uma vez Ele se afastou e orou, repetindo as mesmas palavras. (40) Quando voltou, de novo os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Eles não sabiam o que lhe dizer. (41) Voltando pela terceira vez, Ele lhes disse: “Vocês ainda dormem e descansam? Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. (42) Levantem-se e vamos! Aí vem aquele que me trai!”

(14.32) Então foram para um lugar chamado Getsêmani. O caminho pelo qual o grupo dos homens saiu da cidade, cansado e conturbado, é uma rota antiga em uso há séculos. Por ela fugiu o rei Davi de seu filho sedento pelo poder, há 1000 anos, descalço e chorando, junto com seus homens (2 Sam.15.23). O caminho por onde o pequeno grupo se movimentou, nesse dia do mês era iluminado pela pálida luz da lua e, à direita dos homens cansados, erguiam-se vários grandes túmulos, lançando longas sombras. O de Zacarias, em forma de pirâmide e que ainda hoje existe, já estava ali quando Jesus por ele passou, rumo ao jardim Getsemani à procura de solidão. O apóstolo João menciona um jardim sobre o ribeiro Cedrom (18.1) onde Jesus ia muitas vezes com seus discípulos. Desde o século 4 este jardim é localizado perto desse riacho. Aos peregrinos atuais, três locais são apresentados: o jardim Franciscano, o Getsêmani russo e Getsêmani armênio. O nome “Getsêmani” tem sua raiz em duas palavras hebraicas: “gath” (Prensa) e “Shemânîm” (Azeite). Supõe-se que naquele jardim com suas grandes oliveiras havia uma prensa para o precioso produto. Bom azeite só podia ser produzido em locais frescos, por exemplo, em cavernas. Portanto, a descoberta de uma caverna natural com a entrada de 10 por 17 metros ajudou a localizar este jardim, no tempo de Jesus propriedade particular e murado. Outras vezes Jesus já o havia procurado para o descanso ou para o pernoite.
E Jesus disse aos seus discípulos: “Sentem-se aqui enquanto vou orar”. Para os discípulos não era algo incomum Jesus retirando-se para orar, sozinho. Muitas vezes O viram fazer isso. Neste momento, o coração de Jesus estava sedento da comunhão com seu Pai Celeste; Ele precisava com urgência sentir que não estava abandonado pelo Pai, uma vez que já sabia que ficaria só dentro de poucas horas. A grande maioria dos seus seguidores não havia captado o quanto seu mestre estava angustiado.
Assim, Jesus se afastou do grupo que, provavelmente na entrada da caverna, havia se instalado para o merecido descanso. O dia havia sido longo, começando com a procura do local para a ceia pascal, os preparativos em si e depois a demorada ceia com as sinistras previsões de uma possível traição. As palavras de despedida haviam deixado o grupo confuso. (33) Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar aflito e angustiado. Relatórios posteriores, assim como o Evangelho de João, não mais mencionaram o tamanho de aflição e da angústia pela qual Jesus passava, com medo de, com isso, diminuir a Glória do Senhor. Jesus precisava da comunhão não só com Deus; Ele procurou também a proximidade dos três discípulos principais, nos quais Ele mais confiava. Estes se tornaram testemunhas oculares da agonia que havia tomado conta do seu Mestre.
A vontade do Pai, durante os três anos de ministério sempre procurada e cumprida, a esta altura exigiu alguma coisa a mais, algo que Jesus ainda não conhecia. O doador da vida, Cristo, do qual a morte e as doenças haviam fugido tantas vezes durante seu ministério, ao qual a morte não tinha direito adquirido, entendeu que chegou a hora de dar a sua vida pelas vidas de seus amigos. (34) E lhes disse: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem”. (35) Indo um pouco mais adiante, prostrou-se e orava para que, se possível, fosse afastada dele aquela hora. Os três observavam como Jesus se afastou um pouco e, ao contrário do costume judeu de orar com mãos erguidas, caindo no chão e “prostrado em terra” começou clamar com voz alta. Por algum tempo O escutaram, mas logo o cansaço os venceu.

Já houve perguntas e escândalos pelo fato do Filho de Deus, tendo dado há muito tempo seu “sim” aos caminhos do Pai, ter caído em tal angústia e pavor perante a morte. Apontaram para pessoas que, a contrário de Jesus, a enfrentaram com serenidade, como Sócrates, por exemplo. Quem olha o episódio de Getsêmani desse ângulo, não tem compreendido o sentido da história da Salvação. Deus veio em carne (“incarnatus est”). A luta do homem-Deus era, mas não unicamente, contra a morte física. Jesus estava sendo afligido porque procurava da parte do Pai a confirmação de que essa sua morte não seria em vão. Enquanto o teólogo Paulo mais tarde compreendeu pelo Espírito Santo que em Jesus o sacrifício perfeito foi realizado, justificando os homens de uma vez para todas, fazendo desnecessário outros sacrifícios, para Jesus, essa certeza ainda era fé, obediência aos caminhos do Pai. Até então, Jesus nunca havia questionado a vontade do Pai para com Ele. Agora, porém, frente à morte, o pavor era natural pois Jesus era tanto homem e sofreu a morte como tal, quanto Deus, que, em pessoa, fora julgado, rejeitado e sacrificado. Essa compreensão dupla fez Jesus tremer. (36) E dizia: “Abba,Pai, tudo te é possível. Afaste de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres”. Como homem, era pesado demais cumprir a profecia que Jesus bem conhecia (leia Isaías cap. 53). Dentro de poucos minutos poderia alcançar o cume do monte das Oliveiras e desaparecer na escuridão, quem sabe, para depois tentar outro começo. A tentação era grande, mas outra vez Jesus decidiu em favor da obediência ao Pai.
(37) Então, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. “Simão”, disse Ele a Pedro, “você está dormindo? Não pode vigiar nem por uma hora”? Somente Marcos nos traz a pergunta amarga de Jesus a Pedro tão direta: “Simão, tu dormes? Não podes vigiar comigo nem por uma hora?” Pedro nunca a esqueceu. (38) Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O Espírito está pronto, mas a carne é fraca.” Jesus viu o perigo até por parte de seus seguidores. Vigiem! E como para justificar o pavor que Ele mesmo sentia, confessou (parafraseado): “meu espírito está pronto, mas eu sou fraco, preciso de sua ajuda e companhia!”. (39) Mais uma vez Ele se afastou e orou, repetindo as mesmas palavras. (40) Quando voltou, de novo os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Eles não sabiam o que lhe dizer. Após outra vez derramar seu coração perante seu Pai, encontrava seus discípulos cochilando e, quando os chamou, estes não sabiam nem justificar seu comportamento. Estavam simplesmente exaustos e sonolentos demais para notar o que se passava.
(41) Voltando pela terceira vez, Ele lhes disse: “Vocês ainda dormem e descansam? Não sabemos por quanto tempo Jesus orou. Suas palavras, quando voltou pela terceira vez, revelaram decepção e aceitação do fato ao mesmo tempo. O mestre agora lhes pareceu diferente: seguro e decidido. Exortou seus amigos sonolentos a se levantarem: Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. (42) Levantem-se e vamos! Aí vem aquele que me trai!” Na conversa com Seu Pai havia recebido força e confirmação para o seu caminho. Ainda enquanto falava, ouviu barulho de gente, viu luzes trêmulas de tochas acesas iluminando o bosque. Na entrada da caverna Jesus ficou esperando pela chegada da turba barulhenta que se aproximou. Só uma pessoa podia saber onde Jesus se encontrava a essa hora: Judas, aquele que saiu durante a ceia e desapareceu na noite (João 13.30).
DEUS OS ABENÇOE!

quarta-feira, novembro 29, 2006

2º ESTUDO DO EVANGELHO DE MARCOS

O Evangelho de Marcos – cap.14. 27-31 NVI)

(14.27) Disse Jesus: “Vocês todos me abandonarão. Pois está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas’. (28) Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia”. (29) Pedro declarou: “Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei!” (30) Respondeu Jesus: “Asseguro-lhe, que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes me negarás“. (31) Mas Pedro insistia ainda mais: “Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei”. E todos os outros disseram o mesmo.

O anúncio de Jesus, de que um entre seus seguidores seria o instrumento através do qual Ele acabaria nas mãos de seus inimigos, deveria ter causado muita discussão e contradições entre seus discípulos. Jesus não tinha ilusões quanto ao que as próximas horas trariam. No seu íntimo, tinha chegado à conclusão que no momento crucial todos seus seguidores O abandonariam. Lembrou de uma palavra do profeta Zacarias: (14.27) Disse Jesus: “Vocês todos me abandonarão. Pois está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas’ (Zac.13.7).
Você consegue imaginar a dor sentida pelo “Bom Pastor” ao prever a dispersão dos “seus” em conseqüência de sua morte iminente? O que O consolava foi a firme esperança da intervenção de Deus Pai. A morte física não invalidaria o propósito Divino que Ele, Jesus, anunciara. Não, Ele novamente apareceria aos seus, na mesma Galiléia onde, pela primeira vez, tinha chamado os Doze para o discipulado. (28) “Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia”. Pedro, sempre precipitado, não estava interessado no que Jesus acabou de dizer. O que o interessava era o “agora”. A previsão da debandada geral havia ferido gravemente seu orgulho. Será que Jesus não sabia que ele, Pedro, era homem em que o mestre podia confiar? Os demais talvez fugissem quando a situação esquentasse, mas ele não! (29) Pedro declarou: “Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei!” Algo tão incrível como abandonar seu Senhor, Pedro não era capaz de imaginar. Sinceramente, convencido de si mesmo, julgou impossível o que pouco tempo depois faria de maneira tão vergonhosa.
Não pense que você seja melhor que Pedro! O problema de Pedro era que não conhecia a si mesmo suficientemente; exatamente o problema seu, meu e de todos nós que procuramos saber quem somos até no divã do psicanalista, nos dias atuais. Como irei reagir em situações que não conheço, se nem a mim mesmo conheço o suficiente? É dessa problemática que o salmista fala quando clama no salmo 139.23,24: “ Sonda-me, o Deus, e conhece o meu coração...”. O grande Davi, após ter sido surpreendido pelo seu próprio pecado, confessou que somente “Na tua luz vemos a luz” (Salmo 36.9). Você já chegou a esta conclusão? Somente Um me conhece o suficiente e faço bem em convidá-lO a dirigir meus passos. “Vê se em minha conduta algo te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno” (Salmo 139.24).
(30) Respondeu Jesus: “Asseguro-lhe, que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes me negará“. Não somente um possível abandono da parte de Pedro em qualquer dia futuro é que Jesus viu diante de si. Numa declaração chocante, Jesus marcou a iminência do previsto: “antes que duas vezes cante o galo” – na terceira das quatro vigílias da noite, entre meia-noite e três da manhã iria acontecer o incrível. Jesus tinha que seguir seu caminho sozinho. O evangelista João nos relata uma conversa em que Pedro havia-se oferecido para seguir Jesus até a morte (João 1337,38). Aparentemente não era capaz de entender o teor do que Jesus lhe disse e insistiu em professar sua lealdade: (31) Mas Pedro insistia ainda mais: “Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei”. E todos os outros disseram o mesmo. No termo “todos” não reside segurança: “todos” podem estar errados em suas concepções. Hoje sabemos que, apesar de sua intenção de manterem-se unidos ao seu Senhor, todos o abandonaram e fugiram quando O viram ser preso e levado embora.
Eles haviam-se unido ao seu Senhor sendo convencidos de que, através dEle o prometido Reino de Deus tornaria forma, aconteceria nessa terra e eles estariam com Ele neste Reino. Um fim tão trágico da empreita, como estava a anunciar-se, estava além do que eram capazes de entender. Preferiram apostar em alguma dificuldade passageira que, unidos, venceriam. De alguma forma, seu Senhor iria se livrar e triunfar sobre seus inimigos.

Talvez possamos tirar duas pequenas lições para nossa vida. A primeira: para os discípulos não havia como entender a situação de outra maneira senão a conclusão a que chegaram. Estavam dispostos a continuarem com seu Senhor. No entanto, O abandonaram. De maneira similar, nós tampouco somos capazes de cumprir promessas a Jesus. Podemos, sim, pedir que Ele nos guarde e guie. O poder de nos mantermo fiéis ao Senhor não está conosco; está com Ele. Não caia na tentação de prometer a Deus o que não está em suas mãos!

O segundo ensino do episódio consiste em perceber que Jesus, na situação em que se encontrava, consciente do perigo que corria, não armou um plano para enfrentar o inevitável. Pela segunda vez deveria ter ouvido o inimigo sussurrar no seu ouvido o que lhe havia proposto no deserto, logo após ter sido batizado por João. “Tudo isso te darei, se você me adorar” (Mateus 4.9). Ainda dava tempo para armar uma solução e entender-se com o clero. No entanto, mais uma vez Jesus decidiu confiar no Seu Pai e esperar Seu livramento da parte dEle.

Quantas vezes não estamos em situações onde temos que decidir se optamos por livramento pelas próprias mãos ou, então, se esperamos ser justificados por Deus. Essa segunda alternativa se chama fé. Ela funciona enquanto estamos nos caminhos de Deus. Não funcionará se você espera que Deus o livre das conseqüências da malandragem.

O seu caminho, que está trilhando, permite a você esperar o livramento da parte de Deus?
QUE DEUS OS ABENÇOE!

terça-feira, novembro 28, 2006

1º ESTUDO DO EVANGELHO DE MARCOS

O Evangelho de Marcos – cap.14. 23-26 NVI)

(14.23) Em seguida tomou o cálice, deu graças, ofereceu-o aos discípulos, e todos beberam. (24) E lhes disse: “Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. (25) Eu lhes afirmo que não beberei outra vez do fruto da videira, até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus”. (26) Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.

A ceia festiva da véspera da páscoa durava três horas ou mais. Não cabia pressa. Havia oportunidade para conversa, meditação, canto e oração, enquanto se comia. O evangelista Marcos, no seu relato, ignorou a parte mais extensa, o próprio jantar e menciona apenas aquilo que lhe pareceu importante para as igrejas novas: as palavras eucarísticas.

No decorrer da história houve transformações importantes na maneira de se comemorar a eucaristia. Vejamos: A própria ceia de Jesus obedeceu à tradição judaica. Ao gesto da bênção do pão seguiam as palavras que hoje chamamos “eucarísticas” sobre o pão partido. Seguia então o demorado jantar, que terminava com o gesto do vinho, novamente com a bênção proferida, conforme a tradição, onde Jesus acrescentou as “palavras eucarísticas” sobre o vinho. O encontro terminava com o canto do tradicional “Hallel”, isto é, parte dos salmos 114 a 118.
A comunhão ao comer em conjunto, ainda hoje, é essencial no oriente. Assim, também, as primeiras comunidades cristãs dos anos 30 até 40 tiveram seu “jantar ágape” entre a bênção eucarística do pão no início e o gesto do vinho com as palavras eucarísticas a respeito, ao encerrar a ceia. (veja desenho ao final).
Pela carta de Paulo aos Coríntios (cap. 11.17-34) vemos, que essa prática logo causou problemas nas comunidades, pois havia aproveitadores que vieram somente para “encher a barriga”. Quando, ao fim do jantar em comunhão, ainda vinham os escravos, cujo trabalho os obrigava a permanecer no serviço até tarde, não havia mais comida nem bebida disponível. Paulo censurou duramente essa prática e recomendou uma alteração, que tornou-se prática nas igrejas paulinas até aprox. 60 d.C. O jantar “ágape” antecedeu à celebração da “eucaristia”. Esta seria celebrada somente após a alimentação de todos. Assim, todos que participavam do partir do pão, já estavam fartos.

Na segunda parte do primeiro século, com o crescimento das comunidades onde não era mais possível dar esta atenção aos participantes, houve outra mudança. O jantar “ágape” ficou para depois da distribuição do pão e do vinho”, não tendo mais ligação direta com a celebração. Observamos essa prática nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). O próprio Marcos, cujo relato estamos estudando, não se detem mais no jantar, quando relata a “última ceia”; ele só menciona o “partir do pão” e o gesto do vinho. O mártir Justino († 165 d.C.) já não sabia mais nada do jantar “ágape” e limitou a eucaristia à “distribuição das Santas Dádivas” somente. O “jantar ágape” havia desaparecido.

Assim, tanto a missa como o culto evangélico hoje não conhecem mais o “jantar ágape”. O seu lugar foi tomado pelo “Serviço da Palavra”, do “Sermão”. Após este, tanto na missa como no culto evangélico, é celebrado o “partir do pão” ou a eucaristia.

Esse breve relato tem valor informativo somente. Ele não altera o profundo significado da “ceia” que celebramos ainda hoje. O que mudou, pertence à cultura e tradições ligadas a ela. O crescimento das comunidades logo tornou impraticável a celebração íntima com a festa “ágape” como centro. Infelizmente perdeu-se assim o aspecto comunitário e nivelador nas igrejas, onde ficava patente e visível que todos eram iguais perante Deus. Não há melhor demonstração da condição indispensável, na qual celebramos o “partir do pão” ou, seja, a eucaristia: não há nem rico nem pobre, não há escravo nem livre, nem importante nem insignificante, nem estudado nem ignorante. Na “ceia” somos todos pertencentes à mesma categoria, todos igualmente participantes da Graça Salvadora de Jesus.

(14.23) Em seguida tomou o cálice, deu graças, ofereceu-o aos discípulos, e todos beberam. O jantar presumivelmente durou várias horas, com suas longas e intensas conversas, influenciadas pelas previsões sombrias proferidas por Jesus. No decorrer do jantar, por três vezes os participantes bebiam cada um de seu cálice. Ao iniciar a ceia, Jesus havia pronunciado a bênção do dia. Após iniciar o jantar, após a tradicional formula litúrgica de seu tempo: “Há lachma anja...” (Este é o pão da aflição que nossos pais comeram no Egito. Quem tiver fome, venha e coma a páscoa...) conforme Deut. 16.3, tomou-se do cálice pela segunda vez. No fim da ceia, pela terceira vez o cálice era levantado e o anfitrião, no nosso caso Jesus, pronunciou as tradicionais palavras sobre o “cálice da bênção”. Para surpresa de todos, Jesus acrescentou a este gesto algo incomum e novo: Ele passou o seu cálice para todos, a fim de que todos dele bebessem. (24) E lhes disse: “Isto é o meu sangue da (nova) aliança, que é derramado em favor de muitos.

Os profetas Ezequiel (cap.16) e Jeremias (cap. 31) anunciaram que algum dia haveria algo Novo: “Eis que dias vêem, diz o Senhor, em que farei um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá, não conforme o concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar do Egito...” (Jer.31.31ss). No pior ponto da história do povo judeu, no fim do séc. 6 a.C., os profetas vislumbravam o fim temporal e qualitativo da aliança de Deus através de Moisés, quando os tirou do Egito. Na comemoração da (antiga) aliança (ou concerto) através de Moisés é que os judeus até então celebravam a páscoa.

Agora, nesse cenáculo, estava-se realizando aquilo que os profetas anunciavam e pelo qual se esperava durante longos 500 anos: no cálice que Jesus passou para os seus, a chegada da nova realidade era anunciada. A palavra “nova aliança” fala do cumprimento, conclusão, superação de todas as alianças até hoje determinadas por Deus. “Nova aliança” nada menos significa do que “realização final”.

Podemos perguntar: como o cálice passado aos de Jesus confirma participação nessa nova realidade, nessa “nova aliança” declarada por Deus? Resposta: Em todo lugar onde Jesus convida à comunhão com Ele, acontece Graça, Perdão e Reconciliação com Deus. Essa é a “Boa Nova” do Evangelho.

O sangue é usado no judaísmo e nos escritos do Antigo Testamento como sinônimo de morte violenta. “No meu sangue” quer dizer “graças a...” (lit. força). “Meu sangue da nova aliança” significa então “Nova aliança, ratificada graças a minha morte violenta”. Essa morte abre ao homem a possibilidade de comunhão livre com Deus. O sangue de Jesus, figuradamente, é a razão da Nova ordem escatológica de Salvação (lit. “do bem”).

Não há dúvida de que Jesus desde a Galiléia sabia que, o que lhe esperava, era uma morte violenta. Os profetas já a anunciaram (Daniel 9.26 / Isaías cap. 53 como um todo e principalmente verso 8). Se Sua missão era verdadeira, confirmada por Deus e não um mero engano, o propósito eterno de Deus se concretizaria apesar dessa morte, ou melhor, através de Sua morte. Essa também seria a interpretação que o apóstolo e teólogo Paulo nas suas epístolas daria mais tarde.

O Evangelista Mateus acrescentou ao gesto de Jesus, em passar o cálice para todos, o imperativo: “Bebam todos dele” (Mat. 26.27b). Na comunhão da “ceia” anunciamos a Nova Ordem e sua plenitude na consumação dos tempos. Hoje já estamos fazendo parte da realidade apocalíptica.

Pouco mais tarde, nas comunidades não-judaicas, gregas, o apóstolo Paulo e com ele Lucas, acrescentam as palavras “façam isso em memória de mim” para melhor compreensão dos cristãos sem conhecimento da tradição judaica (Lucas 22.19).

No “cálice da bênção” a ênfase está na “Nova aliança” graças ao “sangue” (como sinônimo de morte violenta) e não no “sangue” em si. O cálice anuncia a Nova Aliança de Deus, graças ao sangue derramado de Jesus. Ele anuncia uma Nova ordem, onde a obra de Deus é fundamental e não mais a obediência aos mandamentos, sempre falhos. A Nova ordem estabelece o perdão dado, a reconciliação feita. Qualquer um que chegar à presença de Deus, tomando posse daquilo que Jesus lhe concedeu, será aceito e será salvo.

A Igreja, no decorrer dos séculos, tem infelizmente recorrido à superstição na distribuição dos assim chamados “elementos da ceia” ou da missa. Tem incorporado o conceito pagão de “carne” e “sangue”, algo totalmente estranho ao pensamento judeu e bíblico. Decorrendo dessa aculturação dos conceitos bíblicos nasceram as mais cruéis brigas, heresias e superstições quanto à “carne” e “sangue” distribuídos na eucaristia.

(25) Eu lhes afirmo que não beberei outra vez do fruto da videira, até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus”. “Amém”, disse Jesus (o que é traduzido com “eu lhes afirmo”) “esta será a última vez que cearei com vocês”. O termo “fruto da videira” não deve ser tomado literalmente. Ele compreende a ceia como um todo. Usar este termo para querer provar que Jesus tomou suco e não vinho, como alguns querem, beira ao ridículo e denuncia ignorância.

“Não mais” ou “não outra vez” como na tradução na NVI, é no grego (literalmente “me”) a forma mais determinada de negar uma ação futura. Com a ceia que acabaria de celebrar, depois daquelas palavras, Jesus encerrou uma prática; era a última ceia conforme o rito antigo. Se Ele, de um lado, tinha plena convicção daquilo que Ele enfrentaria da parte do clero (portanto não mais cearia mais com os seus aqui), Ele expressou profunda certeza quanto ao Reino de Deus e sua concretização através da morte dEle. Aquilo que nessa “última ceia” tinha seu término, encontrará sua plenitude e concretização nas “bodas do cordeiro”, como João, o visionário, definiu (Apoc 19.7) e cearemos novamente com Ele (Apoc. 3. 20). O “partir do pão” assim se transforma em uma gloriosa visão daquilo que está reservado aos que a Ele pertencem.

(26) Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras. A comemoração festiva teve seu fim com o canto do tradicional salmo. Como Marcos escreveu para “não-judeus” que não conheciam os salmos, ele colocou “um hino” no lugar de “salmo”. Cansado e pensativo, o grupo com os onze e seu Mestre saiu para o escuro da noite.

QUE DEUS OS ABENÇOE!


segunda-feira, novembro 27, 2006

ASSISTENCIALISMO,NÃO!


Para que bebam e se esqueçam da sua pobreza. Provérbios 31:7
Leia:
Provérbios 31:6-7

Quando líderes se deixam dominar pelo pecado, quem sofre é o pobre e oprimido. A passagem de hoje fala sobre aliviar o sofrimento através de bebidas fortes. Naquele tempo, a administração da dor não era a ciência que é hoje. O sofrimento intenso podia ser aliviado com o uso medicinal do álcool, especialmente para alguém que estivesse morrendo.
A Bíblia não diz que devemos aliviar o sofrimento das pessoas que vivem na pobreza dando-lhes álcool para se embebedarem. Ao contrário, diz que se ignorarmos essas pessoas, estaremos agindo como se não houvesse esperança para elas, como se pudessem ser drogadas e deixadas para morrer.
Cuidar dos pobres não significa que devemos simplesmente criar mais programas assistenciais. Estes ajudam, mas podem, também, ser uma forma de manter as pessoas na pobreza. O governo precisa se esforçar muito para assegurar oportunidades iguais e a igreja precisa se esforçar em ajudar e nutrir as pessoas na fé.
Para isto acontecer, precisamos de líderes — de fato, todos cristãos — que saibam preservar suas vidas do mal. Precisamos parar de pensar no que nós queremos e começar a pensar no que os outros precisam.
Pense:O governo deve assegurar oportunidades iguais e a igreja deve ajudar e nutrir as pessoas na fé.

Ore:Senhor, perdoa-nos por ignorarmos as pessoas, ao ponto de suas vidas parecerem não valer a pena. Queremos estender a mão para lhes oferecer a esperança que há em ti. Amém.

sexta-feira, novembro 24, 2006

O PERDÃO DIVINO

A mensagem do perdão é uma das mais lindas a atraentes na Palavra de Deus. No livro do profeta Isaías, 1:18, lemos: “Vinde e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como escarlata eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã”.

O perdão divino vai muito além do que simplesmente declarar alguém inocente. O perdão de Deus não só remove a condenação, como oferece poder para que o pecador não continue na prática do pecado. O perdão tem que ver com a transformação do interior. O perdão não é somente necessário para eliminar a culpa por estarmos manchados pelo carmesim ou pela escarlata. O perdão de Deus vai além. Ele transforma isso à semelhança da cor da neve ou da lã, simbolizando pureza.
Na triste experiência de Davi, rei de Israel, ao cometer uma sucessão de pecados iniciado no adultério com Bate Seba, foi ele despertado pelo profeta Natã. Reconhecendo seu pecado, o inspirado rei escreveu o Salmo 51. Aí encontramos três pedidos específicos que nos ajudam a entender a extensão dos efeitos do perdão de Deus em nossa vida.
Nos versos um e dois Davi pede a Deus respeitosamente perdão e purificação. Interessante esse pedido. Na primeira carta de João, capítulo um, versículo nove nós lemos que Deus é fiel para nos perdoar e nos purificar. No evangelho de João, 19:34, lemos que “um dos soldados feriu a Jesus no lado com uma lança, e logo saiu sangue e água”.O sangue é o símbolo do perdão e a água o símbolo da purificação. Com a morte de Cristo, não só é perdoado todo pecado, mas também é purificado aquele que o praticou. Davi rogava a Deus por perdão e purificação. E o terceiro pedido do rei que encontramos nessa oração do Salmo 51 está no verso 10: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto”. Davi pedia transformação interior.
Amigo ouvinte, o perdão isenta de condenação. Jesus já pagou o preço e sofreu a sentença! A purificação limpa a sujeita deixada naqueles que se envolvem com o pecado. E a transformação interior, como resultado da atuação do Espírito Santo na vida humana, capacita o indivíduo a viver segundo a vontade de Deus reclamada nas Escrituras.
Alguns julgam que para reclamar a bênção do perdão deve primeiro demonstrar que estão reformados. Mas isto não é assim! Jesus aprecia que nos acheguemos a Ele assim como somos, pecadores e desamparados. Podemos ir a Ele com todas as nossas fraquezas, leviandades e pecaminosidade. É Seu prazer nos receber em Seus braços de amor, perdoar nossos pecados e nos purificar de toda a impureza.
Aqui é onde milhares erram – não crêem que Jesus lhes perdoa. Mas devemos saber que é privilégio de todos os que quiserem, pois, perdão é oferecido amplamente para todo pecador.
Amigo ouvinte, as promessas de Deus são para você que me ouve e para eu também. Elas são para todo transgressor arrependido. Força e graça foram providas por meio de Cristo, sendo levadas para todo aquele que crê. Ninguém é tão pecaminoso que não possa encontrar força, pureza e justiça em Jesus.
Deus não trata conosco da mesma maneira que os homens finitos tratam uns aos outros. Os pensamentos do Pai Celestial são de misericórdia, amor e terna compaixão. Em Isaías 55:7, temos o convite: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem mau os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o vosso Deus, porque grandioso é em perdoar”.Que promessa maravilhosa! Deus é grandioso em perdoar!
Satanás está pronto para tirar de nós toda centelha de esperança e todo raio de luz. Mas não devemos consentir com as insinuações do inimigo do bem. Não devemos dar ouvidos ao tentador e sim lembrarmos que Jesus morreu para que pudéssemos viver. Deus desfaz nossas transgressões como a névoa os pecados, como a neblina (Isaías 44:22).
Sim, temos um Pai compassivo que está ansioso para nos perdoar. A parábola do filho pródigo, registrada em Lucas, capítulo 15 confirma essa verdade. Mesmo possuindo riquezas e conforto, o filho mais jovem pediu ao pai sua parte da herança e saiu em busca de prazeres numa terra distante.
Tendo gastado toda a sua fortuna foi abandonado pelos próprios amigos na mais completa miséria. E enquanto cuidava de porcos se alimentava da comida deles e lembrava de quantos empregados na casa do pai estavam em melhores condições. Então decidiu o que haveria de dizer ao pai e tendo se levando partiu em direção à casa paterna.
No verso 20 está a atitude do pai para com o filho pródigo. “E quando ainda estava longe, seu pai o viu, e movido de íntima compaixão, correndo lançou-lhe ao pescoço e o beijou”. É assim que Deus promete tratar a todos nós que nos extraviamos nos caminhos do pecado.
Em Jeremias 31:3 temos outra declaração maravilhosa: “Com amor eterno te amei, com bondade te atrai”.Amigo leitor, cada desejo de voltar para Deus não é senão a atuação do Espírito Santo, atraindo o perdido para o amante coração paterno.
O filho pródigo caiu aos pés do pai e reconheceu ser indigno de ser tratado como filho. Pede para ser recebido como empregado. Mas o pai não só perdoa, purifica e também ordena que a condição do filho seja transformada. Vestes, anel e uma grande festa marcam o retorno ao lar. E é assim que Deus quer fazer conosco. Ao aceitarmos Seu convite e nos aproximarmos DELE como somos e estamos, o infinito amor do Pai nos oferece o perdão, purifica e nos transforma.
Além de ser nosso advogado (I João 2:1) Jesus também promete jamais se lembrar de nossos pecados (Salmo 103:12). Não esqueça disso. Deus quer jogar todo o teu pecado nas profundezas do mar (Miquéias 7:19) e oferecer uma vida renovada pelo Seu amor e pelo Seu poder. É só querer. É só aceitar agora.

quinta-feira, novembro 23, 2006

PORQUE TANTAS RELIGIÕES ?


Por que existem tantas religiões? Como podemos encontrar a religião certa? Alguém já pensou procurá-la nas páginas amarelas da lista telefônica? Recorremos à lista para muitas coisas, mas essa reposta não encontramos lá. Nosso objetivo é a verdade. A verdade não está à venda. Em certas páginas amarelas podemos encontrar colunas e colunas de igrejas, mas como alguém poderá escolher acertadamente em meio a tantas opções?
Você teria coragem de fechar os olhos e correr o dedo por uma página e escolher por acaso aquela igreja onde seu dedo parasse? Certamente, ficaria confuso, porque a questão parece ir muito além das páginas amarelas. Estamos vivendo em uma época de mudanças radicais. As igrejas, por sua vez, na tentativa de mostrar interesse pelo povo, envolvem-se com a ação social, a política, a guerra e a pobreza. Enquanto isso, o Evangelho de Cristo tem sido colocado de lado.
O que tem ocorrido nos últimos tempos é uma deterioração dos valores morais. Cercados pelas dúvidas, há os que pensam em se desligar das igrejas, por considerá-las desnecessárias. E quanto aos caminhos diferentes, inovadores, será que são guias seguros na procura da verdade? Por causa disso tudo, muitas ovelhas desgarradas (como define o Evangelho) estão voltando ao rebanho. E muitas ainda permanecem em dúvida. Você pode ser uma dessas pessoas. A dúvida pode estar atravessada em seu caminho.
Se seu desejo é exclusivamente encontrar a verdade sem subterfúgios, você não irá à procura de uma igreja pela altura de suas torres, pela riqueza de seus altares ou pela elegância de seus adeptos. Existem milhões e milhões de pessoas que se proclamam cristãs. Ela acreditam no cristianismo, opondo-se ao hinduísmo, budismo, islamismo ou judaísmo. Mas, além do vago rótulo de cristãs, não há mais semelhanças.
Cristãos e igrejas cristã parecem ir à procura de todo o tipo de variedades. Você está procurando uma organizacão grande, com muitos milhões de adeptos, ou um pequeno e discreto grupo? Uma igreja antiga ou uma igreja nova? Alguns escolhem uma igreja apenas porque ela está ali na esquina. Outros consideram a amizade muito importante. Há os que são atraídos pela música de um grande órgão ou pelo canto de um coral, ou procuram um pastor simpático e carismático. Poucos, muitos poucos, dão qualquer importância, ou qualquer prioridade, à verdade.
A verdade é o fator mais importante. Deus coloca a verdade à nossa frente. Vamos ver o que Ele diz através do profeta Isaías (VT) 8:20: "A Lei e ao Testamento! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva."
Sem a luz que brilha da Palavra de Deus, não chegaremos ao pleno conhecimento da verdade.
A Bíblia dá uma resposta muito clara e compreensível: "E viu-se um grande sinal do céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça. E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz." Apocalipse (NT) 12:1 e 2.
A mulher, na profecia bíblica, significa Igreja. Deus usa com freqüência o símbolo de uma mulher para representar a Igreja. Uma mulher pura e bonita representa a verdadeira Igreja. E uma mulher prostituta representa uma igreja falsa. Tendo isso em mente, entenderemos a profecia. Quando algumas pessoas lêem o livro do Apocalipse, exclamam: - Que coisa horrível! O capítulo 17 fala sobre prostituta! é bom, entretanto, que você compreenda bem a linguagem bíblica e saiba que o profeta não está se referindo à impureza física. Na verdade, "a mulher vestida de púrpura e de escarlate" ( Apocalipse 17:4) representa uma igreja falsa, infiel ao Senhor. Não se esqueça de que o Novo Testamento fala também da Igreja como a noiva de Jesus. A Igreja aí é, também, simbolizada por uma mulher e Cristo é seu noivo. O caráter da mulher, no Apocalipse, simbolizava a Igreja verdadeira e a igreja falsa.
Continuando a leitura deApocalipse (NT)12:3 e 4, João descreve: "E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”.
O dragão é inquestionavelmente Satanás, o anjo caído que levou um terço dos anjos com ele na rebelião. O dragão estava diante da mulher, ou da Igreja, para devorar Seu filho tão logo Ele nascesse. Vamos recordar que Satanás, através de Herodes, o governador romano, tentou destruir a Cristo decretando que todas as crianças do sexo masculino encontradas em Belém fossem mortas. Mas Satanás não foi bem-sucedido.
Vejamos o versículo 5: "E deu à luz um filho., um varão que há de reger todas as nações, com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono." Jesus está a salvo, ao lado do Pai. Mas Satanás não desistiu. Após fracassar na tentativa de destruir Jesus, voltou sua atenção para a mulher, a Igreja, e determinou destruir Seu povo. Isso é o que está retratado com clareza nas Escrituras.
O versículo 6 esclarece que "a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias." A Igreja, atacada por Satanás, passou momentos terríveis. O período de perseguição durou 1260 dias proféticos, cada dia simbolizando um ano literal. A Igreja fugiu para o deserto porque ela precisava de segurança contra a incansável perseguição, que começou logo depois da morte dos apóstolos e iria aumentar no domínio de Justiniano I, no ano 527 da nossa era.
Justiniano oprimiu a verdadeira Igreja - a primitiva - retirando toda a proteção dos que chamava de dissidentes. Os cristãos passaram a ser perseguidos pelo simples crime de permanecerem leais à Palavra de Deus. Essa opressão atingiu sua incontrolável fúria no ano 538. Esse número somado a 1260 nos leva a 1798. Após quase 13 séculos no deserto, Deus impediu que Sua Igreja fosse extinta. Agora observe o que diz o versículo 14: "E foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo representam o mesmo período de 1260 anos”.
De acordo com o versículo 16, "a terra ajudou a mulher".
Nas montanhas, nos lugares mais afastados, a mulher (a Igreja) se protegeu contra os ataques de Satanás e assim sobreviveu. Logo em seguida, a vemos vitoriosa. E ela permanece assim até o final dos tempos. E chegamos ao versículo 17 do capítulo 12: "E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo."
Vamos relembrar o que estudamos até aqui. São João, o revelador, viu uma bonita mulher representando a Igreja verdadeira de Jesus Cristo, em pé nos céus. Estava grávida, esperando um filho. Uma coroa de 12 estrelas adornava-lhe a cabeça. A Igreja, como se vê, com a coroação de glória dos 12 apóstolos, encontra-se sobre a lua, que não tem luz própria e apenas brilha com luz emprestada. Esse foi o princípio da era cristã. A lua simboliza as sombras e cerimônias do Velho Testamento, que passaram para sempre com o sacrifício de Cristo.
A mulher vestida com o fulgor do sol, ou seja, com o brilho do Evangelho, projetou-se para o futuro. Seu filho foi perseguido pelo dragão, e permanece finalmente a salvo no Céu. A Igreja tornou-se o alvo da perseguição por 1260 anos. Apesar de toda esta fúria destrutiva, ela está viva em nossos dias, consolidada na fé de Jesus e nos mandamentos de Deus.
Durante nosso estudo, quando utilizamos a palavra igreja, não pensamos em nenhuma denominação religiosa. No Novo Testamento, o termo Igreja significa a sociedade religiosa fundada por Jesus Cristo. Seus adeptos são, portanto, os escolhidos de Deus. é muito confortante saber disso, você não acha?
E quanto à predição? Ela se cumpriu? Perfeitamente. Uma tremenda avalanche de perseguição foi desencadeada contra os seguidores de Cristo. Começou com Nero, mais ou menos na época do martírio de Paulo. Os cristãos foram falsamente acusados dos mais hediondos crimes, inclusive de calamidades naturais e terremotos. Muitos foram atirados às feras ou levados às fogueiras, sendo alguns até crucificados.
Mas não ficou só nisso. A perseguição continuou. Entretanto, os cristãos permaneceram firmes. Os que deram a vida à causa de Cristo foram substituídos por outros igualmente leais. Satanás viu que não poderia destruir a Igreja pela violência e resolveu tramar outros métodos: agir em silêncio e trabalhar dentro da Igreja. Como lobo vestido com pele de cordeiro, sua tática colocou a Igreja em tremendo perigo. A concessão tornou-se uma arma mais eficiente do que a morte.
A Igreja, com a pretensão de ser popular, cortejou o mundo. Pagãos em grande número trouxeram seus ídolos, superstições e cerimônias. A popular Igreja visível estava agora corrompida. Não podia mais ser representada pela mulher bonita e pura de que nos fala Apocalipse 12. O pequeno núcleo de cristãos que se mantivera firme, seguindo a Cristo e aos apóstolos, jamais poderia aceitar a heresia e a corrupção. Só lhe restava uma opção: esconder-se, fugir para o deserto, como estava perdido.
Durante toda a Idade Média, por quase 13 séculos, a Igreja teve que permanecer com seu pequeno núcleo de fiéis escondido. Somente Deus sabe quantos foram martirizados naqueles anos terríveis. A perseguição já não vinha de fora. Eram cristãos perseguindo outros cristãos. Foram praticadas as maiores atrocidades em nome da religião. Parece que não existe algo tão terrível como o terror praticado em nome de Deus. Mas através de toda a Idade Média a luz da fé e da esperança jamais se apagou.
As ameaças, os riscos e a própria morte não foram suficientes para apagar a chama viva da verdade conforme a experiência vivida pelos valdenses, em 1655. Eles estavam reunidos na "Chiesa de la Tanna", a Igreja da Terra, onde por muitos anos cantaram, oraram e compartilharam seu testemunho destemido. Um dia, porém, 250 deles foram surpreendidos naquela caverna. Os soldados fizeram uma fogueira na única entrada existente. Enquanto o oxigênio era consumido, eles cantavam louvores a Deus até terminar o fôlego, até a hora da morte. John Milton, o poeta cego, autor do célebre poema "Paraíso Perdido", impressionado com o martírio sofrido por esses heróis, escreveu: "Vingai, ó Senhor, Teus santos trucidados, cujos ossos jazem espalhados pela fria montanha alpina, aqueles que mantiveram Tua verdade pura, quando nossos pais adoravam pilares e pedras.
Mas a tocha da verdade nunca foi totalmente extinta e, em 1798, chegou ao fim o período dos 1260 anos. Na maior parte da Europa, a perseguição havia cessado 25 anos antes. Jesus havia dito que, "se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria." O Movimento de Reforma havia cumprido seu papel. Os tradutores da Bíblia tinham concluído seu trabalho. As impressoras estavam publicando as Escrituras para serem espalhadas pelo mundo e se tornar disponível para todos.
A Igreja primitiva, a verdadeira igreja, a mulher de que nos fala Apocalipse 12, nasceu no início da era cristã e representa a fé inabalável de Jesus Cristo em toda a sua pureza. Ela prossegue através dos séculos.
é como se ela tivesse entrado no túnel par atravessar os séculos. Procurou esconder-se. Desapareceu durante um período de 1260 anos, tal como previa o apocalipse, e saiu do túnel em 1798, com os estigmas e as marcas de seu longo sofrimento, mas como guardiã da verdade, ainda resplandecendo a pureza da fé recebida de Jesus e dos apóstolos.
Você já imaginou quanta confusão causaria se desse túnel não saísse uma única e verdadeira Igreja, mas 212 ramificações da fé cristã, com diferentes denominações, credos e ismos, uma contra a outra na maioria das vezes? Certamente você diria, com justa razão, que alguma coisa aconteceu no túnel do deserto. Mas as verdades de Deus, fielmente seguidas, apesar de toda a perseguição, devem ter voltado também do deserto.
Não há dúvida de que a Igreja verdadeira sobreviveu em seu longo afastamento. Mas como podemos saber qual a verdadeira Igreja hoje, em meio a tantas denominações?
Como iremos distinguir a verdadeira da falsa? Acreditamos que devemos avaliar a Igreja como Deus o faz. Ele mede uma Igreja por sua reação à verdade. E Ele nos mede do mesmo modo. Ninguém pode dizer que sua Igreja é a única que será salva no final, porque Deus salva as pessoas, individualmente, e não as Igrejas. Portanto, meça a sua Igreja pelo que ela ensina como verdade.
Voltando a Apocalipse 12:17, Satanás ficou bravo com a Igreja e foi fazer guerra ao resto de sua semente, ao resto da Igreja nos últimos dias, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo. Como se vê, com clareza, Satanás foi fazer guerra contra o resto da Igreja, não com a Igreja primitiva, nem da Idade Média, mas com a Igreja do tempo do fim, o resto de sua semente, os que guardam os Mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.
Como a Igreja no final dos tempos manterá a verdade? A Igreja manterá a verdade guardando os mandamentos de Deus, inclusive o sábado, e mantendo o testemunho da fé. é preciso não esquecer que as marcas distintas da verdade saíram imaculadas do túnel do deserto e aguardam a volta de Jesus. Deus preocupa-se tanto com Seu povo que o último livro da Bíblia - o Apocalipse - traça claramente Sua verdade desde o início da Igreja cristã, nos dias de Cristo, até os nossos dias, e nos dá certeza de que não pode haver confusão nem mal-entendidos em nossa busca da verdade.
Se amarmos verdadeiramente Jesus, devemos nos lembrar que Sua promessa é enviar o Seu Santo Espírito para iluminar o caminho da verdade. Basta escolhermos se conduzidos por Ele, basta sermos sensíveis so som de Sua voz dizendo: "Segue-Me."